A partir deste ano, será implantada no país a transmissão digital para rádio e televisão. Isso significa que, ano que vem, em todas as capitais brasileiras e nas cidades-pólos, quem tiver uma televisão de alta resolução poderá receber a transmissão digital.

Em 2006, todas as pessoas que moram nas capitais dos Estados e nas principais cidades, e puderem comprar um televisor de alta definição ou um rádio digital, poderão receber a transmissão de imagens muito mais nítidas e som com qualidade digital.

Além disso, a tecnologia de transmissão de dados, imagem, som ou qualquer outro artigo no sistema digital permite a transmissão de mais conteúdos com velocidade muitíssimo maior do que as antigas ondas eletromagnéticas. O que precisamos agora é escolher o melhor sistema para fazer essa transmissão digital.

Atualmente, três concorrentes disputam o mercado brasileiro: o americano, o europeu e o japonês e, entre eles, o único capaz de oferecer esse serviço gratuitamente, seja para televisão, rádio ou celular, é o sistema japonês. Mas há os que preferem o sistema europeu, sob o argumento de que amanhã, de posse do domínio da tecnologia de recepção, o Brasil poderá se tornar um exportador de tecnologia de alta definição. Esta aposta tem um preço muito alto. Até lá, vamos ter que pagar pela transmissão e, se levarmos em conta que desde 1920, quando surgiu o primeiro tubo de televisão até os dias de hoje, nos cinco milhões de televisores produzidos no país, a única parte brasileira são os caixas de papelão e os calços de isopor, isso pode demorar muito…

Há, também, aqueles que preferem adiar a decisão e aprofundar o debate no campo ideológico, para aproveitar o salto tecnológico e democratizar a geração e transmissão de conteúdo nos meios de comunicação de massa. Este é um argumento que precisa ser levado em conta num país como o Brasil, onde estou pessoalmente convencido de que todos os crimes contra os direitos humanos que atormentam o cotidiano dos brasileiros, sobretudo os mais humildes, tais como violência, desemprego, racismo, poluição, ignorância, mistificação, preconceito, opulência e miséria, têm como pano de fundo a profunda concentração de poder e renda que, sem dúvida, passa pelos meios de comunicação.

Quanto a isso, gostaria de informar que o Brasil possui 400 geradoras e 500 retransmissoras, no que diz respeito à televisão. Se dermos a cada uma delas um canal digital, com 6 Mb de memória, suficientes para transmissão de alta definição e/ou vários outros canais, teremos ocupado apenas 4,9% do espectro.

Como o sistema americano, até agora, parece estar fora do páreo, não vejo razão para adiarmos essa decisão. Aliás, pensamento idêntico tem o Ministro Hélio Costa, que mesmo navegando nas águas turvas do denuncismo político em que vivemos, tem defendido abertamente a convicção de sua consciência que, creio, representa os melhores interesses do nosso país.

Afinal de contas, milhões de pessoas pelo mundo afora irão assistir suas seleções, muitas “perna de pau”, em alta definição na próxima Copa do Mundo. Com o time que temos, TV de alta definição faria jus mesmo é a nossa Seleção.