Senador quer ação federal na Baixada

Rio – O senador Marcelo Crivella (PRP) afirmou ontem que vai denunciar ao Ministério da Justiça o clima de medo que está imperando em Nova Iguaçu depois da morte ainda não esclarecida do empresário Luiz Carlos Duarte Batista, o Carlinhos da Tinguá, aliado da prefeita Sheila Gama (PDT), e das ameaças recentes sofridas pelo ex-deputado estadual Afrânio Mendonça da Fonseca. Afrânio deixou de tomar posse na presidência da Codeni devido a ameaças que recebeu.

“Vou fazer um pronunciamento veemente da tribuna do Senado. É um absurdo, numa cidade polo como Nova Iguaçu, sermos intimidados por meia dúzia de bandidos”, afirmou o senador, lembrando que nem mesmo nos dez anos que morou na África viu “tamanha desfaçatez da violência”. Na avaliação de Crivella, o fortalecimento da democracia não permite mais que qualquer brasileiro se sinta intimidado a assumir um cargo público para o qual é convocado.

O bispo Dom Luciano Bergamin também está indignado. Ele disse que toda pessoa de boa vontade deve se colocar contra qualquer tipo de ameaça. “Queremos que a Baixada seja um lugar de paz e de fraternidade, e não de violência”, disse o líder religioso.

Já o deputado Luiz Paulo Correia da Rocha (PSDB) disse que vê com muita apreensão a violência na cidade. “Sempre que a política se mistura à violência, você acaba enlameando o processo democrático, a política e o processo de administrar. Isso é caso de polícia. As investigações precisam ser feitas e quem tiver culpa no cartório deve ser preso e julgado”.

O deputado federal Nelson Bornier (PMDB) comentou a situação e pediu para que se descubra o mais rápido possível de onde estão vindo essas ameaças. “A Secretaria de Segurança Pública tem que apurar”.

O vereador Carlos Ferreira, o Ferreirinha (PT), se disse estarrecido. “As autoridades policiais têm que tomar pé da situação, investigar e fazer justiça. Não pode haver ações criminosas num município que está crescendo e se desenvolvendo a todo vapor. Acho que a população deve participar mais, ligando para o Dique-Denúncia, para não deixar que ações criminosas fiquem impunes”, defendeu.

O vereador Jorge Marote (PMDB) disse que desde a morte de Carlinhos da Tinguá, a política de Nova Iguaçu não teve mais paz. Ele conta que está andando com segurança particular “esporadicamente”.

Mais segurança na Câmara

O presidente da Câmara, vereador Marcos Fernandes (DEM), admitiu que o clima entre os vereadores é de tensão. Ele anunciou reforço na segurança interna e externa da Casa. “Teremos policiamento diferenciado nos arredores do prédio, que está localizado num local deserto, sobretudo, à noite”, afirmou, na inauguração do prédio da Casa, na Rua Tertuliano de Melo, Centro, ontem.

Ele disse que vai propor à prefeita Sheila Gama audiência na Secretaria de Segurança Pública. “Vou ver com os vereadores como colaborar para dar um basta à situação”. O presidente da Câmara, que conta também ter sido ameaçado de morte ano passado, explicou que anda com segurança e mudou os hábitos. “Hoje, evito andar sozinho e frequentar alguns lugares à noite”.

Fonte: O Dia