Acolhimento, carinho, segurança e amor. São cuidados que crianças e jovens com deficiência precisam e receberão, ainda mais, da rede municipal de ensino do Rio. Nesta segunda-feira (13/02), o prefeito Marcelo Crivella deu as boas-vindas aos primeiros 300 agentes de apoio à Educação Especial, de um total de 900 convocados, em cerimônia realizada no Colégio Militar do Rio de Janeiro, no Maracanã. Esses profissionais serão responsáveis por acompanhar e ajudar na integração de milhares de alunos com deficiência. Até o final de abril, todos os 900 agentes já estarão nas escolas. Com a convocação, a Secretaria Municipal de Educação, Esportes e Lazer (SMEEL) espera zerar o déficit de mediadores na rede.

– Temos 14 mil alunos com deficiência em nossa rede e, até então, contávamos com apenas 150 agentes. Nossas crianças não tinham agentes na proporção de três para um. O município vive uma crise econômica grande, mas nossas crianças não têm preço e vamos continuar convocando. Precisávamos priorizar essas nossas crianças. Acredito que, em menos de 30 dias, os agentes já estejam efetivamente em serviço para que sejam os melhores amigos delas – disse o prefeito durante a cerimônia.

Esses profissionais já haviam sido aprovados em concursos realizados desde 2014, mas não haviam sido chamados. Até abril, passarão pelos trâmites comuns a contratações no serviço público: nomeação, perícia médica, posse, capacitação no Instituto Municipal Helena Antipoff (IHA) e, finalmente, a apresentação nas escolas. Além desses agentes, os alunos continuarão a contar com o acompanhamento de estagiários, que começam a chegar às escolas do município seguindo o calendário de reinício das aulas nas universidades. Os convênios firmados entre a Secretaria Municipal de Educação, Esportes e Lazer e as instituições de ensino públicas e privadas permanecem.

– Logo que assumimos, nos deparamos com um quadro muito difícil, com enorme contingente de crianças com deficiência sem agentes. Mesmo diante de um momento de crise, o prefeito nos autorizou a preencher essas vagas. Sabemos que o número é insuficiente, mas esperamos zerar o banco de vagas até o próximo ano. O lugar de todas as crianças é na família e nas escolas, onde vão desenvolver suas potencialidades e aprender a interagir. Cuidar de nossas crianças é um ato de amor e entrega – falou o secretário municipal de Educação, César Benjamin.

Com o objetivo de favorecer o processo de inclusão educacional, a rede pública garante a todos os alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades (superdotação) o Atendimento Educacional Especializado, realizado por professores em 464 Salas de Recursos Multifuncionais em unidades escolares. O apoio também inclui voluntários, instrutores e intérpretes de Libras que auxiliam na ampliação e compreensão dos conceitos escolares.

Foi com muita alegria que Ana Carolina Ramos da Silva, de 21 anos, recebeu a notícia de sua convocação. Moradora de Rocha Miranda, ela comemorou a estabilidade de um emprego público e a missão de cuidar de alunos com deficiência que, segundo ela, é o melhor presente que poderia receber:

– Será uma experiência maravilhosa. Pude conhecer alguma dessas crianças e tenho absoluta certeza de que teremos uma convivência linda. Estamos todos muito animados com essa oportunidade. Será um trabalho, de fato, muito especial.

Com o mesmo entusiasmo, Adriana Martins Freire, de 30 anos, acredita que este trabalho beneficiará não somente às crianças, como também os familiares, agentes e demais profissionais de ensino:

– É uma troca. Os alunos serão beneficiados e a unidade escolar também. Quando uma criança evolui, e não falo somente da parte pedagógica, mas de desenvolvimento mental e físico, professores, agentes e familiares também evoluem. Poder acompanhar esse desenvolvimento dia a dia também será um grande aprendizado para nós.

Durante a cerimônia, mães de alunos com deficiência foram convidadas a dar seu depoimento, apontar os desafios que os novos agentes terão pela frente e orientá-los. Lúcia Helena dos Santos, de 49 anos, é mãe da jovem Karen, de 16, portadora de Síndrome de Down e aluna do Programa de Educação de Jovens e Adultos (PEJA), da Prefeitura do Rio. Lúcia credita o desenvolvimento satisfatório da filha ao atendimento recebido na rede pública de ensino:

– Futuramente, teremos alunos que estarão como minha filha está hoje, graças ao maravilhoso trabalho que esses agentes farão. Atualmente, a Karen lê, escreve e acessa redes sociais com a mesma desenvoltura de uma pessoa considerada normal. O apoio que ela recebeu ao longo de sua vida foi fundamental para que obtivesse esse avanço. Por isso, peço a cada um dos novos agentes para que dediquem a essas crianças o mesmo apoio que minha filha recebeu. Que abracem essas crianças e deem a cada uma delas, muito amor, segurança e carinho. Ser mãe de uma aluna inclusa é muito bom. E essa inclusão se dá quando existe parceria entre criança, família e escola.

Além do depoimento de Lúcia Helena, outra história emocionou os presentes. Mãe de Guilherme, de 12 anos, portador de Autismo e de Síndrome Alcoólica Fetal, Andrea Lyrio, de 45, disse que a evolução do filho começou a dar sinais no ano passado, quando o menino teve um primeiro contato com um agente de apoio.  Para ela, esse encontro foi fundamental para que Guilherme tivesse a qualidade de vida que tem hoje:

– O agente é a pessoa com quem a criança estabelecerá vínculo emocional e a quem recorrerá nas horas de sufoco. Meu filho passou por sete instituições privadas, mas foi somente na rede municipal que ele encontrou acolhimento, a troca sincera de olhar que essas crianças tanto necessitam.

A cerimônia também contou com a presença de representantes das Coordenadorias Regionais de Educação (CREs) e de jovens integrantes da Orquestra Maré do Amanhã, que abriram a solenidade com a execução do Hino Nacional Brasileiro.

fonte: www.prefeitura.rio