Comemora mais um aniversário nesta terça-feira (16/3) – 167 anos! Com cerca de 315 mil habitantes, a cidade, localizada a 835 metros acima do nível do mar, tem 70% de sua área encravada em uma das últimas reservas de Mata Atlântica do mundo. O clima ameno e a natureza exuberante despertaram a admiração de D. Pedro I.
Percorrendo o chamado “Caminho do Ouro” em direção a Minas Gerais, no ano da proclamação da Independência – 1822 -, aquele que seria o primeiro Imperador do Brasil ficou encantado com a região, após hospedar-se na fazenda do Padre Corrêa, atual Distrito de Cascatinha. Durante os anos seguintes, D. Pedro continuou como hóspede frequente da fazenda, trazendo a família e, mais tarde, se propondo a comprá-la. Contudo, D. Arcângela Joaquina, irmã e herdeira do Padre Corrêa, acabou sugerindo ao Imperador a compra da fazenda vizinha: Córrego Seco, onde hoje se encontra o Centro Histórico da cidade de Petrópolis, um dos mais significativos conjuntos arquitetônicos referentes ao século XIX de todo o mundo – um rico patrimônio histórico que atrai, hoje, mais de 300.000 turistas/ano, nacionais e internacionais.
Muitos imaginavam um destino diferente para Petrópolis, que tinha vocação agrícola nos seus primórdios. Em vez disso, a cidade progrediu de outra forma, mostrando uma clara vocação para a beleza, a cultura, a arte. Durante todo o Império e também na República, foi a preferida de inúmeros nobres e intelectuais, para descanso e lazer. D. Pedro II – e, em conseqüência, toda a sua corte – passava na cidade seis meses por ano, de novembro a maio: neste período, Petrópolis era, de fato, a capital administrativa do Império. Soberano afeito às artes e à ciência, D. Pedro II inaugurou a tradição que estabeleceu, em Petrópolis, uma concentração incomum de pessoas ilustres, reconhecidas ao longo destes 167 anos: França Júnior, Afonso Arinos, Raimundo Correia, Rui Barbosa, Santos Dumont, Stephan Zweig, Gabriela Mistral, Alceu Amoroso Lima, Sylvia Orthof, e muitos outros.
Na República, a cidade manteve este “status”, já que o Palácio Rio Negro, residência oficial de verão dos Presidentes da República, hoje a primeira “guest-house” oficial aberta à visitação do país, continuou a receber todos os presidentes, de 1904 a 1960 – tradição retomada em 1997, pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.
Petrópolis foi pioneira em diversos setores. Em 1854, por iniciativa do maior empresário do século passado, Irineu Evangelista de Souza, o Barão e Visconde de Mauá, a cidade recebe novo impulso, com a construção da primeira estrada de ferro brasileira, que ligava o Porto de Mauá à Raiz da Serra. Nesta fase, o pioneirismo e espírito vanguardista da cidade se solidificaram. Em 1861, a primeira estrada de rodagem do país, a União e Indústria, foi inaugurada, ligando Petrópolis a Juiz de Fora. Em 1883, a Estrada de Ferro Príncipe do Grão-Pará, mais tarde Leopoldina Railway, fez com que o primeiro trem subisse a serra. Em 1897, Petrópolis assistiu, no Teatro Cassino Fluminense, à primeira exibição pública de filme produzido em território nacional: uma película de menos de um minuto de duração, que retratava justamente a chegada do trem à estação de Petrópolis. De 1894 a 1903 – ano em que a cidade assistiu à assinatura do Tratado de Petrópolis, que anexava o Acre ao território nacional – Petrópolis tornou-se a capital do Estado do Rio de Janeiro. E, no ano seguinte, o Palácio Rio Negro foi adquirido para ser residência oficial de verão dos presidentes da República. A conseqüência direta desta íntima relação com o poder foi a inauguração, em 1928, da Rodovia Washington Luís, a primeira do país a ser asfaltada, ligando Petrópolis ao Rio. E a permanência de Petrópolis no cenário decisório do país até o início do governo militar, em 1964.