O ministro Marcelo Crivella, da Pesca e Aquicultura, concedeu no final da tarde desta segunda-feira (19) entrevista coletiva à imprensa, em Brasília, para anunciar o início do mapeamento do consumo de pescado nas escolas públicas do País, onde estudam aproximadamente 45 milhões de crianças e adolescentes. O trabalho está sendo desenvolvido com o apoio do Ministério da Educação, através do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

“Queremos saber, com o apoio das nutricionistas das escolas municipais e estaduais, por que o consumo ainda está tão baixo, se é porque as merendeiras não sabem preparar o pescado, se faltam geladeiras ou se o pescado está muito caro, por exemplo,” afirmou o ministro.

Segundo ele, o objetivo do governo federal é desenvolver, após o “raio X do setor”, políticas públicas bem definidas que estimulem desde cedo os jovens a consumirem pescado, um alimento nobre e nutritivo. “Queremos que a escola não apenas ensine disciplinas como o português e a matemática, mas também hábitos saudáveis como o consumo de pescado, que poderão continuar por toda a vida”, destacou.

O ministro lembrou que o brasileiro ainda consome pouco pescado em relação ao recomendado pela Organização Mundial de Saúde. Em 2010, o consumo interno atingiu a média de 9,75 quilos/ano por habitante, quando a entidade internacional recomenda pelo menos 12 quilos. A única exceção, lembrou, é a região Amazônica, onde o consumo de peixe é elevado, pelos hábitos enraizados e a falta de uma concorrência mais forte com a carne de frango.

Estímulo à produção

Ministro Crivella disse que o aumento de consumo de pescado, além de favorável à saúde pública, será importante para estimular a maior escala de produção e a redução de preços, sobretudo através da aquicultura. Entretanto, informou que o governo federal deve agir em algumas frentes para tornar a atividade pesqueira e aquícola atrativa para o empresariado e para o consumidor. “Queremos a carne de peixe tão popular e até mais atrativa do que a carne de frango, porque é a mais saudável entre todas”, defendeu.

Para tanto, ressaltou a importância da pesquisa, ou seja, da Ciência e Tecnologia para o aumento da produtividade e a seleção de espécies de pescado “nutritivas e de qualidade absoluta”. Foi isto o que ocorreu com o gado e o frango brasileiros, cujas carnes, recordou, depois conquistaram o Brasil e o mundo.

O ministro também defendeu a exoneração de impostos para as cadeias produtivas da aquícultura e da pesca, como o PIS e o CONFINS, de forma a aumentar a competitividade e a atratividade dos setores. Na última sexta-feira, Crivella já havia solicitado ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, a redução do custo de produção da cadeia de pesca e aquicultura.

Em outra ponta, ele destacou a importância de se ter linhas de financiamento adequadas à atividade, a exemplo das que estimulam a agropecuária nacional. Também recordou o poder estratégico do governo federal, para o incentivo à produção, quando destina a produção aquícola familiar à merenda das escolas públicas. Por fim, lembrou a necessidade de um tipo de “reforma agrária” pacífica nas águas da União, especialmente aproveitando os grandes reservatórios de hidrelétricas.

Marcelo Crivella conclamou o empresariado a participar desta grande mudança de mercado, investindo no setor pesqueiro.

Pesquisa nas escolas

A pesquisa nas escolas públicas será feita nos meses de março e abril, com os especialistas acessando os formulários no site do MPA na Internet através do lonk http://sisform.mpa.gov.br/limesurvey/. A mobilização conta com o apoio das secretarias municipais e estaduais de educação, bem como com a adesão das escolas e centros técnicos federais.

Em 2009, uma pesquisa semelhante, mas menos detalhada do que a atual, foi realizada nas escolas públicas. Dos 5565 municípios participantes, apenas 31% responderam à convocação. Ficou constatado que apenas 12% dos alunos da rede escolar pública nacional eram beneficiados com o pescado em sua alimentação. E, mesmo assim, apenas 5% dos 1718 municípios ofertavam pescado uma vez por semana. Os demais, apenas semanalmente ou até mensalmente.

Fonte: mpa.gov.br