O projeto de lei da Câmara (PLC 122/06) que estabelece penas para diversas situações consideradas discriminatórias contra homossexuais dividiu os senadores na manhã desta quinta-feira (12/5) durante reunião da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH). A matéria foi retirada de pauta a pedido da própria relatora, senadora Marta Suplicy (PT-SP), para que seja tentado um texto de consenso.

Antes do término da discussão – que foi encerrada a pedido do senador Humberto Costa (PT-PE) – parlamentares se manifestaram sobre o assunto. A polêmica girou em torno do limite entre a punição de crimes resultantes de discriminação por orientação sexual e o direito à liberdade de expressão e à liberdade religiosa, assegurados pela Constituição.

Ao deixar a reunião, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) afirmou que a proposta extrapola os direitos à religião, garantidos pela Constituição, ao punir não apenas as ações, mas também as expressões de pensamento.

– Ninguém é a favor de que os homossexuais sofram agressões psicológicas ou físicas. Agora, a proposta extrapola pelo fato de não querer punir os fatos, mas punir as expressões do pensamento e as palavras – afirmou.

Para Crivella, a mudança proposta por Marta Suplicy restringe a liberdade de expressão aos recintos das igrejas e templos religiosos, o que classificou como “lei da mordaça”.

– O Estado, que na Constituição não pode embaraçar o funcionamento dos templos religiosos, nem financiá-los e não ter nenhum tipo de relação, uma vez que o Estado é laico, agora faz a “lei da mordaça” e faz com que os religiosos só possam se manifestar dentro das igrejas. Isso é um absurdo e inaceitável. São direitos consagrados pela Constituição – argumentou.

Magno Malta (PR-ES) elogiou a decisão de adiar o debate e defendeu a realização de audiências públicas para ouvir todos os segmentos da sociedade que querem se manifestar sobre o assunto, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), os religiosos (católicos e evangélicos), e homossexuais. Ele informou que apresentaria requerimento com esse propósito.

Segundo o parlamentar, o projeto de autoria da deputada Iara Bernardi apresenta uma “série de inconstitucionalidades” desde sua origem e define uma série de privilégios para os homossexuais.

Segundo Marta, uma modificação feita no texto da proposta preserva a liberdade religiosa. A mudança excluiu do alcance da lei “os casos de manifestação pacífica de pensamento fundada na liberdade de consciência e de crença”.

– Quando me colocaram que o problema não era a intolerância e o preconceito, e sim uma questão de liberdade de expressão dentro de templos e igrejas, aceitei. A liberdade está preservada – argumentou.

(Agência Senado)