Motivado por resultado de pesquisa eleitoral recente que o aponta como líder à corrida ao governo do estado, o senador e pré-candidato a governador, Marcelo Crivella (PRB), disse, em entrevista a O SÃO GONÇALO, que acredita que terá mais apoio dos evangélicos do que o deputado federal Anthony Garotinho, também pré-candidato pelo PR. “Vou trabalhar para isso”, disse Crivella que também não poupou críticas à crise das UPPs. “A questão da violência no Rio está atrelada ao modelo de segurança pública aplicado pela atual gestão”, alfinetou.
O SÃO GONÇALO – O projeto “Cimento Social” de sua autoria recebeu algumas críticas e ainda foi comparado ao “Minha Casa, Minha Vida”, do governo federal. Quais as diferenças básicas entre as duas iniciativas?
MARCELO CRIVELLA – O Cimento Social tem por objetivo ajudar as famílias das comunidades de baixa renda a concluir e ou construir suas casas com estabilidade estrutural. É simples de ser implementado e com excelentes resultados. O diferencial é que não requer remoções que esbarram em longos processos na Justiça nem desapropriações dispendiosas, exceto em áreas de risco. É simplesmente derrubar o barraco e no mesmo lugar construir uma casa nova adequada para aquela família.
OSG – Envolvido com projetos sociais direcionados a problemas regionais como o da “Fazenda Canaã”, no Nordeste, e o próprio “Cimento Social”, quais as suas características políticas, na sua opinião, que o levaram a ser convocado a ministro da Pesca e Aquicultura?
CRIVELLA – No meu entendimento, a presidente Dilma queria homenagear o povo fluminense. Eu não posso dizer o porquê eu fui convocado – isso cabe a presidente – mas posso dizer o motivo pelo qual asumi. Aceitei o desafio por querer pensar no Brasil, cuidar dos pescadores e transformar o Brasil em um dos maiores produtores de pescado do mundo.
OSG – Na volta ao Senado, quais os projetos que o senhor está envolvido no momento?
CRIVELLA – São muitos projetos, mais de 150. Mas posso citar cinco, de minha autoria, que estão tramitando no Congresso. Um defende o uso temporário de policiais da reserva para aumentar o efetivo nas ruas, medida esta que traria os militares que se aposentaram há pouco tempo de volta à ativa. Dois que versam sobre proteção à crianças e adolescentes: para punir abandono moral injustificado e outro sobre prevenção e denúncia de maus-tratos. O quarto defende o uso de marcadores nas munições das armas de fogo, para por fim às “balas perdidas”. E por último, mas não menos importante, o que propõe redução de pena aos presos doadores de sangue.
OSG – Como pré-candidato ao governador do Rio, como o senhor avalia a atual crise na segurança pública estadual? O que faria diferente da gestão atual para proteger os cidadãos?
CRIVELLA – A questão da violência no Rio está atrelada ao modelo de segurança pública aplicado pela atual gestão. As UPPs são fundamentais para a reconquista do território, mas elas se anulam se o estado continuar sendo o que menos investe em saúde pública no Brasil e, se no IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), o Rio não tiver uma escola entre as 500 primeiras. Como qualquer remédio, a UPP tem efeito colateral. Os bandidos migram para outros bairros e para assaltar nas ruas. A PM tem 45 mil policiais no total; 10 mil cedidos para serviços burocráticos, 12 mil em afastamento temporário e 23 mil para policiamento. O grande problema da segurança pública é a gestão.
OSG– Em caso de vitória, no seu governo, os atuais programas das UPPs, UPAs e o Bilhete Único irão continuar? Podem ser reformulados e de que forma?
CRIVELLA – Sim. Vou manter e expandir os atuais programas para garantir o acesso de todos os cidadãos fluminenses.
OSG– Em seu plano de governo, quais as principais metas para a Região Metropolitana? Existe a possibilidade de acelerar o processo da construção da Linha 3 do Metrô?
CRIVELLA – Pretendo trabalhar em quatro principais eixos: garantir saúde pública de qualidade para toda a população; intensificar e expandir para todo o estado as UPPs e o policiamento ostensivo nas ruas; investir na educação básica e desenvolver a integração entre os meios de transporte para garantir a melhoria da acessibilidade.
OSG – O senhor acredita que terá mais apoio dos evangélicos do que o pré-candidato Anthony Garotinho na campanha?
CRIVELLA – Vou trabalhar para isso.
OSG – Existe a possibilidade da presidente Dilma ter o apoio de todos os candidatos de partidos aliados no Rio. Como o senhor e o PRB discutem isso internamente?
CRIVELLA – O meu partido, o PRB, sempre foi fiel à presidente Dilma, e nesta eleição não será diferente.
Fonte: O São Gonçalo