É do jogo democrático os partidos unirem forças para a disputa eleitoral. É claro que essa coligação precisa obedecer a princípios ideológicos mas também, deve atender interesses diversos, tais como tempo de televisão, possibilidade de se obter vários coeficientes eleitorais com a chapa resultante e auxílio mútuo na repartição do fundo partidário.

Como benefício adicional, a união de vários partidos passa ao eleitor a sensação de que há uma frente política com possibilidade concreta de vitória.

O problema disso é que surgiram, no Brasil, inúmeros partidos que passaram a ser conhecidos como legendas de aluguel tendo em vista o fato de “alugarem apoio” em época de eleição tão-somente em troca de dinheiro, e os partidos beneficiados eram então induzidos a buscar esses recursos num processo de promiscuidade entre o público e o privado, o que deu origem inclusive a escândalos recentes, haja vista o mensalão.

Como isso é uma prática em tudo repudiada, era de se esperar, portanto, que parcerias políticas dividissem o poder, compondo alianças em torno de programas.

Com esse objetivo, o governo do presidente Lula, desde o princípio, concedeu espaços generosos especialmente ao PCdoB e ao PSB, este último ocupando dois ministérios importantes. Parecia natural, então, que pelos menos esses partidos pudessem estar juntos com o PT na campanha pela reeleição de Lula, até porque ambos não possuem candidato a presidência.

Aí vem a famigerada regra da verticalização, que tantas idas e vindas tem causado ao Judiciário brasileiro e que já tem seus dias de vida contados pelo recém aprovado projeto de reforma eleitoral — já sancionado pelo Presidente da República –, para complicar o processo. Periga a aliança pela reeleição de Lula ser composta apenas pelo PT e PRB, partidos do presidente e do vice, respectivamente, assim como a aliança de Alckmim haverá de se limitar a dois partidos: PSDB e PFL.

Assim, o presidente Lula terá cerca de 6 minutos de tempo de televisão. Alckmim terá 9. Será que 3 minutos a mais, 3 vezes por semana, poderá reverter o atual quadro onde Lula aparece como favorito, ganhando já no primeiro turno? Creio que não. Até porque as militâncias do PSB e do PCdoB, como de vários outros partidos menores, estarão engajadas na campanha de Lula, hoje com ampla margem de vantagem. Aliás, como diz a sábia vovó Beatriz, é o cachorro que abana o rabo e não o rabo que abana o cachorro..