O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PL – RJ. Como Líder. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Senado da República é a Casa do equilíbrio. Segundo pesquisa recente feita com o povo brasileiro, há esperança da nossa sociedade de que, neste Parlamento – onde a maioria tem as cabeças brancas –, as paixões do discurso político, a vaidade, o orgulho fiquem superados e que qualquer processo democrático seja aperfeiçoado. E certamente o serão essas medidas provisórias que, de maneira tão vulcânica, foram ontem debatidas e votadas na Câmara dos Deputados.
Sou um homem da paz. Vivi 10 anos na África, em meio a conflitos e sei que isso não conduz a absolutamente nada. Estamos procurando o melhor caminho, para que a reforma da previdência e a tributária tragam, acima de tudo, justiça para o nosso povo. É bom lembrar que 17 milhões de aposentados, do regime privado, não serão afetados em nada. O sacrifício recairá sobre nós. Digo nós, porque também, como Parlamentares, fazemos parte do Governo.
Sr. Presidente, para conduzir reformas que exigem um sacrifício tão alto do nosso povo, em proveito dos desfavorecidos, ninguém melhor do que aquele líder que pode comandar pelo exemplo. Quem teria biografia mais apropriada a este momento histórico do nosso País do que o Senhor Presidente Luiz Inácio Lula da Silva? Homem de sacrifícios, que perdeu várias eleições, que aprendeu nas ruas, no diálogo, na porta da fábrica, nos sindicatos, o melhor caminho. E o melhor caminho, muitas vezes, não é o da ciência, nem da arte, mas certamente será o da paz, do equilíbrio.
Por isso, venho a esta tribuna. Não devemos cobrar posições anteriores do PT. O PT que chegou ao Governo não é o PT dos radicais. Esse perdeu todas as eleições. O PT que chegou ao Governo é o PT-PL. Portanto, as atuais posições do PT são temperadas por uma doutrina liberal. Esse foi o projeto político eleito no ano passado, coerente com as reformas, o debate, o diálogo. E é isso que estamos procurando fazer em nosso País.
Quem nos dera que todas as reformas pudessem agradar a todos, mas isso não é possível. No entanto, não vamos pregar o caos, anunciar aqui o dilúvio, que nem mesmo na Bíblia funcionou. Diz o próprio Deus que se arrependeu de ter destruído a humanidade, porque, recomeçando-a com uma nova semente, passaram-se alguns séculos para que a situação estivesse na mesma.
Portanto, chegamos a esse nível de desenvolvimento com a mensagem de Cristo, que já não é a lei de Moisés, do “dente por dente, olho por olho”, mas a de dar a outra face, de negar a si mesmo, de tomar a cruz, de fazer o sacrifício.
Portanto, venho a esta tribuna, em nome da paz, da coerência, para pedir que todos nós possamos aperfeiçoar esse processo. E tenho a esperança profunda de que, com os líderes que a compõem, esta Casa o fará. Em primeiro turno, ontem, uma reforma foi gestada, nasceu, mas ainda há o segundo turno e o Senado Federal. Portanto, o diálogo continua. Por que lançar pedras, quebrar vidros, invadir o Parlamento, intimidar homens que podem cooperar para que este projeto seja melhor e atenda aos altos objetivos do nosso povo?
Sr. Presidente, muito agradecido e que Deus abençoe o nosso País.