Leia abaixo a carta do Dr. Marcondes Carneiro acerca da aprovação da PEC 122, de autoria do senador e ministro Marcelo Crivella, que permite a profissionais de saúde das Forças Armadas acumular outro cargo público, no âmbito civil.
“Parabéns ao Ministro da Pesca Marcelo Crivella pela lição de COMPETÊNCIA e pela AULA que foi dada com brilhantismo ao inexperiente Ministro da Saúde.
Conseguiu apresentar e aprovar a PEC 122/11, de forma não agressiva e inteligente, sem oposição da classe médica.
Proposta bem vista inclusive pelos médicos, pois diferente do FIASCO do “Programa Mais Médico”, a PEC soube valorizar a classe médica militar e certamente trará mais resultados que o rabiscado programa apresentado pelo Governo.
Enquanto o Ministro da PESCA conseguiu conquistar admiração de aproximadamente 15 mil médicos militares e de “tabela” dos médicos civis (por não ter caráter eleitoreiro), o nosso Ministro da Saúde perdeu de vez seu “falso brilho” frente a sociedade por não ter a “visão futurística” que o Ministro da PESCA apresenta.
No entanto, acho que será um grande salto nesse projeto se também fosse aprovada a PEC que institui a CARREIRA MÉDICO DE ESTADO. Como médico, acho que esse momento não deve ser perdido (pois enquanto se tenta resolver a carência de médicos no interior do país, a situação nas metrópoles brasileiras continua caótica e uma greve está pronta para ser deflagrada).
Uma greve de médicos nas CAPITAIS do país, neste momento, se estenderá indubitavelmente a população(que agora clama por HOSPITAIS no estilo Sírio-Libanês).
Rediscutir a obrigação do REVALIDA com o CFM e outras entidades médicas se faz necessário, pois o Presidente do CFM tem mais prestígio que a presidente da república na classe médica (o que é óbvio, se considerar qual seria a reação da presidente da república se o PT fosse também atacado em seus princípios).
Mas a estrela de hoje é o excelentíssimo Ministro da Pesca e espero que assim como o PRB encontrou uma solução mais inteligente, que provavelmente captará mais médicos que o fracassado e remendado “Programa mais Médicos”, esperamos que outra “luz divina” paire sobre a cabeça do Senador Marcelo Crivella.
Ah, e um desabafo: “Fui médico no interior do Amazonas e mesmo com amor a profissão que eu escolhi só não fiquei por lá, por dois simples motivos: 1. Por ver que estava fazendo um trabalho fadado ao fracasso, onde a maioria das crianças morriam desidratadas por diarreia causada simplesmente pela água contaminada por FEZES provenientes do esgoto à céu aberto (ou seja, eles não precisavam de “vermífugos” e sim de uma estrutura mínima que lhes dessem qualidade de vida) 2. Não acho justo você exercer o sacerdócio de “estar” ao lado do paciente, em detrimento de sua esposa e filhos (a mídia e os arrogantes políticos desconhecedores da causa que querem dar a melhor escola e planos de saúde para seus filhos e que não conseguem viver longe da tecnologia, não se coloca no lugar do médico que também quer dar o melhor para seus filhos). Como disse hoje um médico amigo meu de Portugal: Querer colocar nos dias de hoje, um médico num município sem água potável, sem acesso a internet, onde a falta de energia elétrica é uma constante, sem escolas e hospitais equipados, sujeitos às doenças mais antigas do terceiro mundo já extintas nos grandes centros, é como se pedisse para todos os médicos do mundo doarem um de seus RINS em nome do SACERDÓCIO… Esse discurso é antiquado e acima de tudo hipócrita”.
Mais hipócrita ainda são alguns políticos que “assistimos na TV Senado”, falando dos problemas do interior esquecido do país sem sequer NUNCA ter posto os pés nessas cidades (hoje somos 400 mil médicos esclarecendo MILHARES, eu disse MILHARES,de pacientes sobre quem realmente é ou não defensor da saúde pública). Hoje a consulta médica não se restringe apenas a CUIDAR da saúde do paciente, mas também a ORIENTÁ-LO de como exercer sua cidadania.”