Da repórter Paola de Moura, do ‘Valor Econômico’
“A direção nacional do PT virá ao Rio nos próximos dias para negociar com o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), uma mudança na chapa que compõe a aliança entre o PT e o PMDB no Estado. Isto porque, segundo o ex-prefeito Lindberg Farias, que renunciou ontem ao cargo para disputar a vaga ao Senado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quer uma composição com o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) e não com o presidente da Assembleia Legislativa fluminense, o deputado estadual Jorge Picciani (PMDB-RJ), desejada pelo governador Cabral.
Segundo o ex-prefeito, Lula teria lhe contado pessoalmente a preferência. A página do senador Crivella, na Internet, conta que Lula comunicou ao presidente do PT, José Eduardo Dutra, sua decisão na semana passada e também teria declarado seu apoio, numa reunião no CCBB em Brasília, a toda base aliada no Senado. O fato é que Crivella é presença constante ao lado de Lula em quase todos os eventos públicos realizados no Rio. Na última vez em que o presidente esteve no Rio, durante o 5º Fórum Urbano Mundial, o senador estava lá sentado na primeira fila ao lado de Cabral, da ministra da Casa Civil Dilma Rousseff e de Lula.
O ex-prefeito Lindberg, que também anda de braço dado com representantes das igrejas protestantes, como o ex-cantor de pagode e atual pastor da Igreja Missionária Novo Israel, Waguinho (presente na cerimônia de transição), está gostando da troca. Lindberg diz que terá uma relação mais intensa no palanque caso o escolhido seja o senador Crivella. “Vejo duas possibilidades, uma relação intensa no palanque e outra mais fria e distante”, analisa o candidato, que revela também ter levado um puxão de orelhas do diretório nacional do PT, pedindo que ele se acalmasse porque tudo seria negociado com Cabral.
Apesar disso, Lindberg bateu mais um pouco no deputado Picciani. Questionado sobre a manchete do jornal carioca O Dia, que relembrava que o ex-prefeito está sendo investigado pelo Ministério Público Federal, Lindberg respondeu: “Isto é o tipo de batalha que vamos ter que enfrentar”, dando a entender que a reportagem teria sido influenciada pelo presidente da Alerj. “Mas não tem problema, vou abrir meus sigilos na campanha e desafio os outros candidatos a fazer o mesmo”, promete. Lindberg Farias teve os sigilos quebrados em meados do ano passado numa investigação do MP sobre um suposto desvio de verbas.
No entanto, o ex-prefeito acredita que toda esta briga não é boa politicamente. “Ela não é boa para mim, nem para o Cabral, tem que ser resolvida com serenidade”, reflete, dizendo que vai deixar mesmo por conta da direção nacional do partido. “É um problema da direção dos partidos”.
O ex-prefeito negou que esteja negociando uma vaga de ministro num eventual governo Dilma Rousseff, conforme publicado ontem no jornal “O Globo”. No entanto, Lindberg disse que a discussão chegou a ser levantada há alguns meses. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, seria seu suplente e ocuparia a vaga no Senado quando Lindberg virasse ministro. “Não quero ser ministro, quero ser o senador da Baixada Fluminense. Tenho muito mais a fazer por esta terra”, afirma, já em campanha”.