O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB – RJ. Como Líder. Sem revisão do orador.) – Muito obrigado, Presidente.
Senhores telespectadores da TV Senado, senhores ouvintes da Rádio Senado, senhoras e senhores presentes ao recinto, ilustres Senadoras e Senadores…
O SR. PRESIDENTE (Gerson Camata. PMDB – ES) – Com a permissão de V. Exª, passo a Presidência ao Senador Papaléo Paes.
O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB – RJ) – Pois não.
Sr. Presidente, na última sexta-feira, as horas se passaram com lentidão, como quem caminha triste por uma dor que carrega na alma. Quando a tarde se entregou ao crepúsculo, como diz o poeta, velho e cansado porteiro da noite, o dia já havia anoitecido no coração do povo de Barra do Piraí.
É que na madrugada daquela sexta-feira, última passada, faleceu aos 93 anos de idade o Dr. Geraldo Di Biasi, idealizador e criador da Fundação Educacional Rosemar Pimentel. Entre as pessoas simples do povo, os comerciantes, a sociedade política, os trabalhadores do campo, os religiosos, os empresários, em todos se encontrava a mesma dor da tristeza, expressa, em alguns, pelo silêncio, em outros, pelas lágrimas, nos olhos baixos, nas mãos unidas em uma prece, na saudade de uma lembrança que voltava à mente, fosse de um episódio ou do rosto sempre ameno e do olhar sempre tolerante e generoso desse grande professor. Cada um, do seu jeito, expressava ou escondia a dor que trazia no peito.
Todos lamentaram sua morte. Sobretudo os professores, funcionários e milhares de alunos que ensinaram, trabalharam e aprenderam nas tantas escolas e faculdades erguidas pelo trabalho desse mestre, superando todas as dificuldades de seu tempo, que, embora imensas, não foram maiores que seu gênio empreendedor e sua força de trabalho invencível. Ele foi o garimpeiro de Valença que descobriu talentos, dando-lhes a oportunidade de erguerem os olhos para os infinitos horizontes da esperança que só o saber pode ver.
Não foi um herói feito pela mídia, uma dessas celebridades efêmeras, fabricadas por interesses momentâneos e que pouco ou nada têm para mostrar. Também não foi um gênio, um paladino, um mito. Foi mais que isso. Um cidadão comum que se fez herói depois de lutar muito. Acertando e errando, mas sempre com fidelidade e amor. Herói típico da nossa terra e da nossa gente, desses que nascem pequenos e se fazem grandes por uma visão de Deus que trazem na alma.
O povo não beijava sua mão nem se curvava diante dele. Carregava-o nos braços. Sorria. Sabia onde ele morava. Olhava nos seus olhos e via a si mesmo refletido na bondade daquele servidor do povo e amigo de todos. Por isso o elegeu por seis vezes. Seis vezes foi ele consagrado Deputado Estadual do Rio de Janeiro.
Sua visão era construir o bem comum, lutar pelos humildes, acreditar que na juventude antes esquecida e desperdiçada do vasto interior do nosso Estado havia uma riqueza intelectual a ser despertada, um talento pujante e emergente para construir um futuro melhor para suas famílias e para o próprio País. E fez tudo isso sem perder a humildade, o sentimento de compaixão e a noção do Brasil e de sua gente. A completa extensão dessa obra, só Deus pode avaliar com exatidão.
Nascido em Valença, em 5 de junho de 1914, com 11 anos, mudou-se com a família para Barra do Piraí. Em 1940, concluiu a Faculdade de Direito do Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, e retornou a sua Barra do Piraí. Em 1941, ocupou por dois meses o cargo de prefeito interino do Município.
Foi também em Barra do Piraí, durante o tradicional baile do Colégio Medianeira, onde, em 1945, conheceu sua futura esposa e companheira por 62 anos, a professora Aracy Coutinho de Carvalho. Logo em seguida vieram os quatro filhos: Elizabeth, Geraldo, Mário e Paulo. Se Deus é família – Pai, Filho e Espírito Santo, como ensina a Bíblia – essa qualidade divina não podia faltar na vida de seu filho Geraldo. Ele não nasceu para ser um solitário, desses que vivem para si mesmos.
Como Deus, ele era agora também uma família. Estava pronta sua maior obra. Com uma moldura de ternura e com as cores do encantamento e do amor de quem na vida se esquece de si mesmo, esse homem fiel fez do seu lar um pedacinho do céu. Quanta paz e harmonia a gente sentia quando entrava na casa do Professor Geraldo Di Biasi.
Na despedida da dolorosa partida, choraram sua esposa, seus filhos, seus netos e bisnetos, mas não de angústia, Sr. Presidente; não porque o viram agonizar nas horas derradeiras. Nada disso. Ele partiu em paz, porque Deus o levou como quem colhe um trigo e o ajunta ao celeiro. Choraram de pura saudade e sabem que essa dor não acaba, porque um pai assim não morre, continua morrendo a cada dia. E a saudade não passa.
Em 9 de novembro de 1967, em Barra do Piraí, dava início à realização de um sonho: a criação da Ferp – Fundação Educacional Rosemar Pimentel, mantenedora do Centro Universitário Geraldo Di Biasi. Consagrada como Centro Universitário, em 2005, possui, atualmente, três campi– Volta Redonda, Barra do Piraí e Nova Iguaçu –, onde, hoje, mais de sete mil alunos estudam – e, ao longo dos anos, centenas de milhares. Desde então, ele ocupava o cargo de chanceler da instituição, que fundou há mais de 40 anos.
Na sua vasta obra política, destaca-se a autoria da Lei dos 25 anos, a que deu direito à aposentadoria dos professores após 25 anos de trabalho. Em 1987, durante o Governo de Leonel Brizola, ocupou o cargo de Secretário Estadual de Indústria, Comércio e Tecnologia. Mas, se eu fosse citar aqui seus sonhos e realizações, suas obras, uma por uma, eu ocuparia todo o tempo desta sessão, para enaltecer a figura do grande homem público do meu Estado – e, ainda assim, eu não chegaria sequer perto de lhe fazer justiça.
Partiu um grande homem. Foi mais que uma chama, uma tocha, que aqueceu e iluminou a vida de quem teve a ventura de lhe cruzar o caminho. Faleceu, mas não se apagou. Hoje, é mais uma estrela que brilha no céu. Quem visita seu túmulo, em Barra do Piraí, no Vale do Paraíba, verá que, ali, não jaz, mas vive o tema da educação, o exemplo do amor ao próximo e do bem comum; a trajetória de um cidadão de bem que o tempo jamais apagará.
Sr. Presidente, requeiro que o Senado Federal emita voto de pesar pelo falecimento desse grande político da nossa terra, do Estado do Rio de Janeiro, e transcreva, nos Anais desta Casa, as letras desta singela homenagem, que presto a esse amigo, a esse professor, exemplo de vida e líder político.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
Senhores telespectadores da TV Senado, senhores ouvintes da Rádio Senado, senhoras e senhores presentes ao recinto, ilustres Senadoras e Senadores…
O SR. PRESIDENTE (Gerson Camata. PMDB – ES) – Com a permissão de V. Exª, passo a Presidência ao Senador Papaléo Paes.
O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB – RJ) – Pois não.
Sr. Presidente, na última sexta-feira, as horas se passaram com lentidão, como quem caminha triste por uma dor que carrega na alma. Quando a tarde se entregou ao crepúsculo, como diz o poeta, velho e cansado porteiro da noite, o dia já havia anoitecido no coração do povo de Barra do Piraí.
É que na madrugada daquela sexta-feira, última passada, faleceu aos 93 anos de idade o Dr. Geraldo Di Biasi, idealizador e criador da Fundação Educacional Rosemar Pimentel. Entre as pessoas simples do povo, os comerciantes, a sociedade política, os trabalhadores do campo, os religiosos, os empresários, em todos se encontrava a mesma dor da tristeza, expressa, em alguns, pelo silêncio, em outros, pelas lágrimas, nos olhos baixos, nas mãos unidas em uma prece, na saudade de uma lembrança que voltava à mente, fosse de um episódio ou do rosto sempre ameno e do olhar sempre tolerante e generoso desse grande professor. Cada um, do seu jeito, expressava ou escondia a dor que trazia no peito.
Todos lamentaram sua morte. Sobretudo os professores, funcionários e milhares de alunos que ensinaram, trabalharam e aprenderam nas tantas escolas e faculdades erguidas pelo trabalho desse mestre, superando todas as dificuldades de seu tempo, que, embora imensas, não foram maiores que seu gênio empreendedor e sua força de trabalho invencível. Ele foi o garimpeiro de Valença que descobriu talentos, dando-lhes a oportunidade de erguerem os olhos para os infinitos horizontes da esperança que só o saber pode ver.
Não foi um herói feito pela mídia, uma dessas celebridades efêmeras, fabricadas por interesses momentâneos e que pouco ou nada têm para mostrar. Também não foi um gênio, um paladino, um mito. Foi mais que isso. Um cidadão comum que se fez herói depois de lutar muito. Acertando e errando, mas sempre com fidelidade e amor. Herói típico da nossa terra e da nossa gente, desses que nascem pequenos e se fazem grandes por uma visão de Deus que trazem na alma.
O povo não beijava sua mão nem se curvava diante dele. Carregava-o nos braços. Sorria. Sabia onde ele morava. Olhava nos seus olhos e via a si mesmo refletido na bondade daquele servidor do povo e amigo de todos. Por isso o elegeu por seis vezes. Seis vezes foi ele consagrado Deputado Estadual do Rio de Janeiro.
Sua visão era construir o bem comum, lutar pelos humildes, acreditar que na juventude antes esquecida e desperdiçada do vasto interior do nosso Estado havia uma riqueza intelectual a ser despertada, um talento pujante e emergente para construir um futuro melhor para suas famílias e para o próprio País. E fez tudo isso sem perder a humildade, o sentimento de compaixão e a noção do Brasil e de sua gente. A completa extensão dessa obra, só Deus pode avaliar com exatidão.
Nascido em Valença, em 5 de junho de 1914, com 11 anos, mudou-se com a família para Barra do Piraí. Em 1940, concluiu a Faculdade de Direito do Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, e retornou a sua Barra do Piraí. Em 1941, ocupou por dois meses o cargo de prefeito interino do Município.
Foi também em Barra do Piraí, durante o tradicional baile do Colégio Medianeira, onde, em 1945, conheceu sua futura esposa e companheira por 62 anos, a professora Aracy Coutinho de Carvalho. Logo em seguida vieram os quatro filhos: Elizabeth, Geraldo, Mário e Paulo. Se Deus é família – Pai, Filho e Espírito Santo, como ensina a Bíblia – essa qualidade divina não podia faltar na vida de seu filho Geraldo. Ele não nasceu para ser um solitário, desses que vivem para si mesmos.
Como Deus, ele era agora também uma família. Estava pronta sua maior obra. Com uma moldura de ternura e com as cores do encantamento e do amor de quem na vida se esquece de si mesmo, esse homem fiel fez do seu lar um pedacinho do céu. Quanta paz e harmonia a gente sentia quando entrava na casa do Professor Geraldo Di Biasi.
Na despedida da dolorosa partida, choraram sua esposa, seus filhos, seus netos e bisnetos, mas não de angústia, Sr. Presidente; não porque o viram agonizar nas horas derradeiras. Nada disso. Ele partiu em paz, porque Deus o levou como quem colhe um trigo e o ajunta ao celeiro. Choraram de pura saudade e sabem que essa dor não acaba, porque um pai assim não morre, continua morrendo a cada dia. E a saudade não passa.
Em 9 de novembro de 1967, em Barra do Piraí, dava início à realização de um sonho: a criação da Ferp – Fundação Educacional Rosemar Pimentel, mantenedora do Centro Universitário Geraldo Di Biasi. Consagrada como Centro Universitário, em 2005, possui, atualmente, três campi– Volta Redonda, Barra do Piraí e Nova Iguaçu –, onde, hoje, mais de sete mil alunos estudam – e, ao longo dos anos, centenas de milhares. Desde então, ele ocupava o cargo de chanceler da instituição, que fundou há mais de 40 anos.
Na sua vasta obra política, destaca-se a autoria da Lei dos 25 anos, a que deu direito à aposentadoria dos professores após 25 anos de trabalho. Em 1987, durante o Governo de Leonel Brizola, ocupou o cargo de Secretário Estadual de Indústria, Comércio e Tecnologia. Mas, se eu fosse citar aqui seus sonhos e realizações, suas obras, uma por uma, eu ocuparia todo o tempo desta sessão, para enaltecer a figura do grande homem público do meu Estado – e, ainda assim, eu não chegaria sequer perto de lhe fazer justiça.
Partiu um grande homem. Foi mais que uma chama, uma tocha, que aqueceu e iluminou a vida de quem teve a ventura de lhe cruzar o caminho. Faleceu, mas não se apagou. Hoje, é mais uma estrela que brilha no céu. Quem visita seu túmulo, em Barra do Piraí, no Vale do Paraíba, verá que, ali, não jaz, mas vive o tema da educação, o exemplo do amor ao próximo e do bem comum; a trajetória de um cidadão de bem que o tempo jamais apagará.
Sr. Presidente, requeiro que o Senado Federal emita voto de pesar pelo falecimento desse grande político da nossa terra, do Estado do Rio de Janeiro, e transcreva, nos Anais desta Casa, as letras desta singela homenagem, que presto a esse amigo, a esse professor, exemplo de vida e líder político.
Muito obrigado, Sr. Presidente.