O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PL – RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Srs. Diretores da Petrobras que hoje acompanham o Presidente dessa grande estatal brasileira e uma das maiores companhias de petróleo do mundo, Sr. Presidente José Eduardo Dutra, como representante do Estado do Rio de Janeiro, eu não poderia deixar de falar neste momento. Rockefeller dizia que o melhor negócio do mundo é uma empresa ou um poço de petróleo; o primeiro melhor negócio do mundo é uma empresa de petróleo bem administrada; o segundo melhor negócio do mundo é uma empresa de petróleo mal administrada; e o terceiro melhor negócio do mundo é uma empresa de petróleo pessimamente administrada. Eu não sei se Rockefeller tinha razão, Sr. Presidente, mas, para nós, brasileiros, especialmente para nós, fluminenses, a Petrobrás é muito mais do que um negócio. Ela é uma herança do espírito cívico e da bravura de pessoas como os Senadores Jefferson Péres e José Sarney e tantos outros heróis, que, inspirados na luta do Presidente Getúlio Vargas, começaram uma saga neste País, deixando-nos como herança uma riqueza que não pode ser traduzida em números de um negócio.
A Petrobras é muito mais que isso. Ela é esperança e pujança. Ela reflete o povo brasileiro em longínquos rincões. Uma vez, num vôo noturno, eu ia da Costa do Marfim para a África do Sul. Quando eu passava pela costa da Angola, eu vi a exploração do petróleo no mar. Um amigo brasileiro logo me disse que lá havia tecnologia brasileira da Petrobras. Como é bonito! O coração vem à boca. Solidarizo-me com os Parlamentares desta Casa neste momento em que enaltecemos esse orgulho nacional. A empresa está no Estado do Rio de Janeiro há cinqüenta anos, mas a Bacia de Campos, há vinte e cinco anos, produz 80% do petróleo nacional esse número veio crescendo ao longo do tempo. Lá, estão 100 quilômetros de costa com 37 plataformas.
E é hoje a grande riqueza do meu Estado. Se o Rio de Janeiro importa 90% do que consome, principalmente em alimentos, exportamos 80% do petróleo deste País. Talvez essa nossa riqueza seja também o argumento do nosso maior castigo, porque sonhamos com uma refinaria no norte fluminense. Mas dizem muitos técnicos já ouvi falar isso – que o Rio é exportador de querosene de avião, de gás, de petróleo, de óleo diesel, e que, portanto, sendo exportador, não seria o melhor local para uma refinaria. Talvez no Nordeste, no Centro-Oeste, o consumo ditasse a norma técnica imperativa para a construção de uma nova refinaria.
Mas não vou entrar nesse mérito e nesse debate porque hoje é dia de festa e controvérsias não são próprias para uma data tão festiva e bonita, como essa em que comemoramos os 50 anos da Petrobras. Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, tenho orgulho, como representante do Estado do Rio de Janeiro, de parabenizar a companhia – e, claro, eu não poderia deixar de ouvir meu companheiro de bancada, Senador Sérgio Cabral.
O Sr. Sérgio Cabral (PMDB – RJ) – Senador Marcelo Crivella; Sr. Presidente do Senado Federal, José Sarney; Sr. Presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra; Diretores da Petrobrás e funcionários; Srªs e Srs. Senadores, quero registrar, aproveitado essa manifestação de V. Exª, colega de Bancada do nosso Estado do Rio de Janeiro, que, de fato, os 50 anos de história da Petrobras se confundem com a história do nosso Estado. A luta pela campanha “O Petróleo é Nosso” nasceu no Rio de Janeiro. As grandes manifestações estudantis, numa aliança em defesa de uma estatal brasileira do petróleo, nasceram no Rio de Janeiro. Aliás, o Estado tem esta tradição: as grandes mobilizações em defesa da Nação, as grandes manifestações patrióticas nasceram no Rio de Janeiro. Portanto, neste momento de festa dos 50 anos da Petrobras, creio que V. Exª terá do Presidente José Eduardo Dutra, dos Diretores da Petrobras e dos demais colegas desta Casa…
O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PL – RJ) – O Senador José Eduardo Dutra também é carioca.
O Sr. Sérgio Cabral (PMDB – RJ) – O Senador José Eduardo Dutra é carioca e sofredor pelo Botafogo, que, neste instante, em que pese a segunda divisão, vive um bom momento e tem a nossa solidariedade. Todos nós temos um pouco de Botafogo na nossa alma e todos nós cariocas estamos juntos com o Botafogo nessa fase do clube alvinegro. Evidentemente, com essa tradição de luta da nossa cidade, do nosso Estado, da campanha “O Petróleo é Nosso”, o Rio de Janeiro é o Estado da Federação que mais se rebelou contra a ditadura militar, contra o Estado Novo e o que primeiramente se movimentou pelas Diretas-Já na grande manifestação da Candelária. V. Exª não estará sendo inconveniente, nesta festa dos 50 anos – amanhã acompanharemos o Presidente Lula em sua visita ao Rio de Janeiro –, em lembrar a reivindicação do nosso Estado, que tanto perdeu desde que deixou de ser a Capital Federal, em 1960, e na fusão da Guanabara com o Estado do Rio de Janeiro, decisão imposta. Como V. Exª bem disse, produzimos mais de 80% do petróleo nacional e estaremos aqui democraticamente defendendo a tese da implantação de uma refinaria numa região pobre, com enormes dificuldades econômicas e que poderá se transformar numa outra Serra Pelada, como é o norte fluminense e que precisa, sim, de uma refinaria. O registro dos 50 anos dessa grande empresa brasileira está muito bem feito neste dia de festa. A fala de V. Exª nos emocionou. Temos orgulho de ser brasileiros. Com seu corpo técnico e sua sede no Rio de Janeiro, temos orgulho de dizer que a Petrobras, coincidentemente, lá produz mais de 80% do petróleo brasileiro e é uma grande parceira do Estado, consideração que precisa ficar registrada. A produção acadêmica e científica brasileiras têm, no Rio de Janeiro, seu quartel general, principalmente em função da presença e da demanda da Petrobras, que incentiva pesquisadores brasileiros, tecnologia brasileira. Nossa tecnologia na produção de petróleo em águas profundas é um exemplo para o mundo. Portanto, o Rio de Janeiro não se queixa, mas se orgulha da Petrobras. Temos certeza de que essa empresa não nos vai faltar nessa nova reivindicação, que mobiliza a todos nós Parlamentares e cidadãos fluminenses.
O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PL – RJ) – Obrigado, Senador Sérgio Cabral. A verdade é que precisamos aprender com nossos irmãos da Bahia. Aliás, o petróleo começou a ser explorado na Bahia. Hoje já não há petróleo naquele Estado, mas em Camaçari ficou nossa segunda maior refinaria e um extraordinário pólo petroquímico, conquista de baianos inteligentes que sempre lutaram e amaram sua terra de maneira extraordinária. Vivi no sertão da Bahia e sei do que estou falando. Precisamos aprender com eles, para que Campos não se torne uma Serra Pelada, mas uma futura Camaçari, e que fiquem ali riquezas para o futuro daquela gente. Com a palavra a Senadora Ana Júlia Carepa.
A Srª Ana Júlia Carepa (Bloco/PT – PA) – Senador Marcelo Crivella, prometo ser breve no aparte. Neste momento, eu não poderia deixar de me manifestar, mesmo que em breves palavras, a respeito do aniversário de uma empresa que tem, na verdade, dado orgulho ao povo brasileiro. Vejo aqui, sentado junto ao Presidente José Sarney, o Presidente da Petrobras, que foi nosso colega, José Eduardo Dutra. S. Exª foi eleito Senador quando fui eleita Deputada Federal. Não vou esquecer, Dutra, uma foto histórica para mim: o vidro desta Casa quebrado na manifestação do povo contra a quebra do monopólio do petróleo. V. Exª era Senador e eu era Deputada Federal à época, em 1995. E aquela foi uma campanha de que o povo tem orgulho, a campanha “O Petróleo é Nosso”, que conquistou corações e mentes de todo mundo, não só do povo carioca. Eu queria somente fazer o registro de que para mim é um orgulho ter tido a oportunidade de subir à tribuna desta Casa para defender a Petrobras e sua Diretoria de ataques feitos pela imprensa e convidá-los a conhecer Serra Pelada para ver que jamais Campos ficará igual Serra Pelada. A nossa luta no Pará é para fazer de Serra Pelada um lugar digno, onde as pessoas possam realmente viver bem. Não há comparação, Senador, porque tenho certeza de que Campos jamais chegará àquele grau de degradação a que, infelizmente, Serra Pelada chegou. Quero fazer o registro do orgulho que sinto de fazer parte de uma empresa prima, que também dá orgulho ao povo brasileiro: o Banco do Brasil. Sei que quem trabalha nessas empresas veste a camisa, porque não se sente só servindo a uma empresa, mas servindo ao Brasil. Parabenizo a Petrobras, sua Diretoria e todos os seus funcionários pelo seu trabalho.
O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PL – RJ) – Muito obrigado, Senadora Ana Júlia Carepa. Concluindo, Sr. Presidente, quero apenas, em meu nome, em nome do PL, dos Senadores da minha Bancada, parabenizar a Petrobras. Que Deus a abençoe e que seu futuro seja brilhante como é o futuro do povo brasileiro. Muito obrigado. (Palmas.)