O DIA ONLINE – POR DIOGO DIAS

Rio – A aposentada Sônia Silva, 54 anos, não precisa mais se preocupar com as ratazanas que teimavam em invadir seu imóvel. A moradora do Morro da Providência, no Centro do Rio, deixou seu barraco há um mês para morar em uma casa nova de dois andares. Ela foi uma das primeiras beneficiadas pela verba de R$ 10 milhões que será aplicada pelo projeto Cimento Social, do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), na reforma e construção de moradias na favela. A Prefeitura do Rio vai aplicar lá R$ 131 milhões em obras de infraestrutura.

Sônia Silva trocou casa infestada de ratos por um imóvel pré-moldado do Cimento Social | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia

O programa de melhorias habitacionais foi lançado oficialmente ontem por Crivella e pelo secretário municipal de Habitação, Jorge Bittar. O programa municipal Morar Carioca está reurbanizando a Providência e, o Cimento Social, reformando os imóveis com verba federal de emenda feita pelo senador.

“Vamos melhorar cada casa, fazendo o cadastro, uma por uma. Aquelas que não puderem ser reformadas, vamos utilizar os modelos que já fizemos aqui e que as pessoas gostaram: as casas pré-moldadas de dois pavimentos. Elas já vêm mobiliadas, custam cerca de R$ 60 mil e ficam prontas em até cinco dias”, explica Crivella.

As casas pré-moldadas são destinadas às famílias que vivem em área de risco ou em habitações condenadas. As unidades têm dois quartos, cozinha integrada com a sala e varanda. Cada imóvel tem 62 metros quadrados.

Já a reforma dos imóveis deve beneficiar 900 famílias inicialmente. As intervenções preveem colocação de pisos, pintura e revestimento das paredes, ventilação e iluminação dos quartos, reforma nos telhados e melhorias nas instalações elétricas, hidráulicas e sanitárias.

De acordo com o senador, todas as casas da comunidade serão reformadas em um ano e meio. “O prefeito Eduardo Paes disse que, se precisar de mais recursos, a prefeitura vai suplementar”, garante Marcelo Crivella.

“Dormia com dois filhos e três netos no sofá. Agora nós temos camas”

O barraco de um cômodo, vizinho a um lixão, virou lembrança. Agora, Sônia tem casa com varanda e vista para a Baía de Guanabara. “Antes, olhava pela janela e só via rato”, relembra. Ela conta que, antes de ganhar o imóvel mobiliado, sonhava em dar conforto para a família. “Dormia com meus dois filhos e três netos em um sofá. Agora, nós temos camas confortáveis. É difícil acreditar que a vida mudou tão depressa”, comemora Sônia, que agora tem recebido visitas como nunca antes. “Fico até com vergonha, não estou acostumada”, conta.

Morar Carioca: teleférico e plano inclinado previstos

A favela mais antiga do Brasil vai ser totalmente transformada com o programa Morar Carioca. Além das obras de infraestrutura, com a pavimentação e implantação de novas redes de água, esgoto e drenagem, o investimento de R$ 131 milhões incluiu a construção de um teleférico e de um plano inclinado para facilitar a circulação dos moradores.

O teleférico terá três estações e vai interligar a Providência com a Central do Brasil e a Cidade do Samba, num percurso de 665 metros. O equipamento terá capacidade para transportar cerca de mil pessoas por hora.

Já o plano inclinado vai ligar a Ladeira do Barroso, na Zona Portuária, à Praça da Igreja do Cruzeiro. Cada cabine terá capacidade para 10 pessoas, com acesso adequado aos passageiros portadores de necessidades especiais.

Vizinhos estão na expectativa por ter uma casa pré-moldada

Quando olha pela janela do quarto onde vive com a família, Laura Angelo Henrique, 27 anos, sonha com uma casa para chamar de sua. Ela vive de favor em um imóvel vizinho ao de Sônia, uma das beneficiadas pelo Cimento Social. A dona de casa espera estar entre as próximas moradoras da Providência que vão receber uma unidade do imóvel pré-moldado.

Na casa de dois cômodos onde Laura está hospedada, vivem 11 pessoas. No quarto com ela ficam seu marido e seus filhos de 3 meses, 2 anos e 4 anos. A criança mais velha, de 12, dorme no sofá da sala. “Com uma casa dessas, resolvo todos os meus problemas. Olho para a casa da minha vizinha e fico pensando se um dia vou receber uma também. Se ganhar uma, não precisa nem ser tão boa, não peço mais nada para Deus”, suspira.

Por enquanto, cinco casas pré-moldadas foram entregues na favela. A sexta está em construção, bem abaixo da casa de Laura. “Essa vai ser nossa, tenho certeza. Já mandei carta para o senador”, afirma, esperançoso, Bruno Henrique, seu filho mais velho.