Senhoras e senhores presentes a esta sessão, senhores telespectadores da TV Senado, senhores ouvintes da Rádio Senado, tendo em vista as especulações que vêm sendo veiculadas pela mídia diariamente sobre o futuro de minha modesta vida pública, sinto-me no dever de vir a esta tribuna, para esclarecer a opinião pública.
Nos oito anos em que nesta Casa militei outra coisa não fiz senão atender, com devoção, as justas e legítimas aspirações do povo do Rio, procurando não me afastar do mesmo ânimo que havia me levado, por iguais oito anos, a servir à Pátria, no Exército Brasileiro, a ser missionário no continente africano, onde passei dez anos, e também no tempo que passei no sertão da Bahia implantando o Projeto Nordeste, que tem como piloto a fazenda Nova Canaã, onde milhares de crianças já encontraram refúgio, alimentação, educação, uniformes, transporte, atendimento médico-odontológico e lazer. É um exemplo para a reforma agrária brasileira.
Em tudo isso procurei deixar claro que não me move o instinto do poder, que muitos afirmam estar na raiz de toda ação humana; o que me inspira é a vocação de servir. Esse é o ideal que me anima e o propósito que me acalenta.
Quero estar à altura do Partido Republicano Brasileiro, de José Alencar Gomes da Silva, que, do fundo da sua tragédia e da escuridão do seu infortúnio, com bravura e civismo exemplar, engrandeceu a nossa nacionalidade, não fazendo caso do risco que corria, diante daquela doença mortal, antes permanecendo firme como sentinela avançada no posto que o povo lhe confiou, dando-nos a lição de que a serviço da Pátria a própria vida é o que menos conta. E foi assim que ele viu passar as nuvens escuras e o despontar dos primeiros raios de sol de uma resplandecente e divina alvorada. Ele vive e está bem, graças a Deus.
Portanto, quero me referir à generosidade do povo da minha terra: estudantes, trabalhadores, pais de família e donas de casa, lideranças políticas regionais, Prefeitos, Vereadores, Deputados Estaduais e Federais, sindicatos, universidades, empresários, homens e mulheres do campo e das cidades, comunidades carentes, portadores de necessidades especiais e organizações religiosas de todas as denominações, a que tive a honra e o alto privilégio de servir no Senado Federal, no momento em que expressaram, nas pesquisas, a estima e consideração que desborda da minha capacidade e das minhas aspirações, com expressivos 50% de intenções de voto, o que, por si só, já me recompensa muito acima de que possa merecer e esperar.
E é assim que volto nesta hora o espírito à minha terra natal, aos ideais e princípios da nossa gente sofrida e valente, na sua imensa maioria trabalhadora, pacata, honesta e humilde, para dizer que, chegado o momento do dever, não lhes faltarei nem decepcionarei. E jamais vou trocar o interesse público por vantagens pessoais.
Sei que nas fileiras de um pequeno partido uma campanha exige toda a nossa energia, um devotamento sem restrições e um sacrifício sem tréguas. Mais uma vez, sou chamado a enfrentar o desafio de vencer candidaturas que possuem as vantagens do capital, a hegemonia dos grandes partidos, que se eternizam no poder, como faziam os condes, marqueses e barões, por força do sangue ou da riqueza, nas Câmaras elitistas do Império.
Mas vou cumprir, com modéstia, desprendimento e sem medo, o chamamento do povo fluminense, pelo sagrado e honrado privilégio de novamente compor a representação popular do Estado do Rio de Janeiro no Senado Federal.
Sr. Presidente, assim comunico e deixo clara a decisão unânime do meu Partido e em especial do Vice-Presidente José Alencar, em sintonia com a vontade expressa do povo do Rio, manifestada em todas as pesquisas de intenção de votos já publicadas. E também em respeito ao apoio público, explícito, reiterado e entusiasmado – poderia dizer – do Presidente Lula.
Peço a Deus que me dê forças e ao povo do Rio que continue ao nosso lado.
Muito obrigado, Presidente.