A ousadia no enfrentamento político aos “donos conjunturais do poder” e as inovações editoriais e na estrutura empresarial foram marcas deixadas pelo Jornal do Brasil ao longo de sua história. O registro foi feito pelo senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), nesta segunda-feira (16/5), em sessão especial em homenagem aos 120 anos do jornal fluminense. Entre as ações de destaque do JB, o senador citou a posição crítica do diário frente ao regime militar iniciado em 1964.

– O compromisso do JB com a verdade não foi abalado. Pelo contrário, o jornal se viu compelido a arrostar os grilhões da censura, sob pena de ter seu nome maculado para sempre na memória política do país – disse Crivella, propositor da homenagem.

O JB foi o jornal que, no anúncio do AI-5, em 14 de dezembro de 1968, para escapar da censura, publicou na primeira página a seguinte previsão meteorológica: “Tempo negro. Temperatura sufocante. O ar está irrespirável. O país está sendo varrido por fortes ventos. Máxima: 38º, em Brasília. Mínima: 5º, nas Laranjeiras.” Na mesma edição, o jornal trazia a seguinte chamada: “Ontem foi o Dia dos Cegos”.

O senador destacou ainda como um dos méritos do JB, desde seu início, o esforço para contar em suas páginas com “colaboradores notáveis”, do Barão do Rio Branco a Joaquim Nabuco, além de escritores renomados, como o poeta Carlos Drummond de Andrade. Do ponto de vista gráfico e editorial, ele ressaltou a revolução ocorrida nos anos 50.

– A redação jornalística foi transformada em laboratório industrial de produção de notícias sérias, profundas, confiáveis e bem escritas, focado em um público urbano, política e intelectualmente mais preparado – comentou.

Entre os avanços que notabilizaram o JB, Crivella citou o pioneirismo na criação de um departamento de pesquisa e também na organização de um caderno específico de classificados.

Sem se limitar aos aspectos técnicos e empresariais da trajetória do jornal, o senador também se deixou levar pela nostalgia ao dizer que o JB ocupou “colossal liderança no coração dos cariocas” e influenciou de forma marcante sua própria vida: foi em suas páginas que o senador encontrou, aos 14 anos, seu primeiro emprego.

(Agência Senado)