O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB – RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Muito obrigado. 
Srªs e Srs. Senadores, Srs. telespectadores da TV Senado, Srs. ouvintes da Rádio Senado, senhoras e senhores que abrilhantam com suas presenças esta nossa sessão, ilustríssimas damas que ficam aqui registrando nossos discursos, incansável e devotadamente, abençoado é o país que conta com um rol de pensadores capazes de explicar sua essência, sua alma. Felizmente, o Brasil se encaixa nesta premissa, pois contamos com autores da estirpe de Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Hollanda, Caio Prado Júnior e Darcy Ribeiro, entre muitos outros. 
Hoje, gostaria de render homenagens a um desses intelectuais – muitas vezes incompreendido – cujo nome se encontra no panteão dos grandes pensadores brasileiros de todos os tempos. Refiro-me a Celso Furtado, autor de uma obra seminal para entender o processo de desenvolvimento socioeconômico brasileiro que, este ano de 2009, completa 50 anos de publicação. 
Sr. Presidente, refiro-me ao livro Formação Econômica do Brasil, cuja leitura aproveito para recomendar a todos os brasileiros. 
Quando de sua publicação, em 1959, o Brasil vivia a efervescência dos anos JK. O processo de industrialização da economia nacional tinha como pilar o surgimento da indústria automobilística e de bens duráveis – as meninas da taquigrafia fiquem tranquilas porque o discurso será repassado a mão de vocês. O País ainda era essencialmente agrícola, mas começava a entender a necessidade de industrializar-se, melhor maneira de distribuir a distância que o separava das nações desenvolvidas, principalmente no tocante aos indicadores econômicos e sociais. 
Faltava ao Brasil, no entanto, uma obra que estabelecesse as premissas para o novo desenvolvimento, mas que não fosse uma mera cópia ou mesmo uma adaptação da teoria econômica então existente – elaborada a partir da experiência dos países desenvolvidos. O grande mérito de Celso Furtado, com Formação Econômica do Brasil, foi exatamente este: entender a gênese da economia brasileira e firmar os pilares para o desenvolvimento do País a partir de uma perspectiva nacional. 
Traduzido em nove línguas, entre elas chinês e japonês, o livro fez de Celso Furtado um dos autores, no campo das ciências sociais, mais lidos e publicados no Brasil e no exterior. Tamanho sucesso de público, de crítica se deve, essencialmente, à linguagem accessível adotada pelo autor ao combinar investigação histórica com análise econômica, fazendo com que a obra seja um livro de economia, porém não escrito para economistas. 
Seria impossível falar dos 50 anos de Formação Econômica do Brasil sem falar um pouco de seu brilhante autor. 
Celso Furtado nasceu em Pombal, na Paraíba, no ano de 1920. Acolhido na minha querida cidade do Rio de Janeiro, como tantos irmãos nordestinos em busca de melhores oportunidades, formou-se em Direito, em 1944, pela Universidade do Brasil, atual UFRJ. Quatro anos depois, em 1948, doutorou-se em Economia pela Universidade de Paris, Sorbonne. Um ano depois, passou a integrar a Cepal – Comissão Econômica para a América Latina, órgão da ONU, passando a residir em Santiago do Chile. 
Em 1953, participou do Grupo Misto de Estudos BNDE-CEPAL, cujo trabalho embasou o Plano de Metas do Governo JK, primeiro programa econômico de cunho fortemente desenvolvimentista implantado no Brasil. 
Juscelino Kubitscheck de Oliveira, o garimpeiro de Diamantina. Em 1954, publicaria seu primeiro livro A Economia Brasileira – Contribuição à Análise de seu Desenvolvimento. Até 2004, ano de sua morte, seriam mais de 20 livros publicados! 
Aqui, Sr. Presidente, faço um parêntese. Eu tive um contato com Celso Furtado um pouco antes do falecimento dele. Eu o convidei para vir ao Senado e discutirmos sobre a Frente que presido, a Frente Parlamentar pela Política do Pleno Emprego. Ele não pode vir, mas me escreveu uma carta. E disse o seguinte:

 
Senador Crivella, no começo da sua vida política, lhe desejo toda sorte. No entanto, aceite um conselho de quem já viveu muito na estrada dos embates políticos. A elite brasileira, quando faz concessões aos trabalhadores, já embute um antídoto para lhe tirar os efeitos.

  
Essa frase me marcou. Mostrava a alma daquele que lutou sempre pela desconcentração de poder e renda, mas que amargou, nos últimos dias de sua vida, ver o Brasil ainda tão desigual, sobretudo no Rio de Janeiro, com essas favelas que nos envergonham a todos, monumentos hediondos, que estão se transformando em monumentos perpétuos da desigualdade injustificável entre nós, brasileiros. 
Pois bem, em 1958, assumiu o cargo de Diretor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) e produziu um estudo visando à solução dos problemas do seu amado Nordeste, com base no qual o Presidente Juscelino Kubitschek, ele mesmo um visionário, enviou um projeto ao Congresso Nacional, propondo a criação da Sudene. O próprio Celso Furtado seria o primeiro Superintendente do órgão – a Sudene da região de V. Exª –, do qual sairia em 1962, para exercer o cargo de Ministro Extraordinário do Planejamento. Um ano depois, retornou à Superintendência da Sudene, de onde só sairia cassado pela ditadura militar. 
Homem de fibra e de fortes convicções, não se deixou abater pelo exílio, tendo lecionado nas Universidades de Harvard e Columbia, nos Estados Unidos; em Cambridge, na Inglaterra; e na Sorbonne, na França, da qual foi professor efetivo. Entre 1964 e 1978, mesmo longe da sua terra natal, publicou nada menos que dez livros. 
Anistiado em 1979, voltou ao País. O último cargo público que exerceu foi o de Ministro da Cultura no Governo do nosso Presidente Sarney. Na década de 1990 e até a sua morte, em 2004, dividiu-se entre a cidade do Rio de Janeiro e Paris, porém nunca deixou de pensar no Brasil, sendo figura constante em eventos e seminários de temática socioeconômica. 
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, com a morte de Celso Furtado, o Brasil perdeu um dos seus maiores intelectuais de todos os tempos. Bem sabemos: os homens passam, suas obras ficam. Que bom que assim seja! Somos finitos, mas as coisas que produzimos têm o poder de extrapolar nossas existências. É assim que aconteceu com o grande mestre! 
Comemorar o jubileu de ouro da publicação de Formação Econômica do Brasil é uma maneira não só de homenagear seu autor, figura preciosa no pantéon dos grandes pensadores deste País. É também uma homenagem ao povo brasileiro, que, pela primeira vez, viu sua realidade e as raízes de sua história dissecadas em uma obra que não olhava apenas para trás: muito pelo contrário, o livro esmiuçou os alicerces da formação da economia nacional com os olhos voltados para o futuro! 
Ao escrever Formação Econômica do Brasil, Celso Furtado inovou ao situar o nascimento do Brasil como parte de um processo de desenvolvimento e expansão da Europa, uma visão inédita à época e que situava o País na história global. 
Furtado explica o subdesenvolvimento brasileiro a partir da coexistência de uma estrutura produtiva dual, caracterizada pelas diferenças entre um setor de alta produtividade voltado para a exportação e um setor voltado para a economia de subsistência, de baixa produtividade. Tal estrutura é colocada como consequência dos ciclos econômicos vividos pelo Brasil, esmiuçados pelo livro: o ciclo da cana-de-açúcar; a economia escravista mineira do ciclo do ouro; e a transição para o trabalho assalariado, com o fim da escravidão. 
Celso Furtado desenvolveu, assim, a tese de que os problemas socioeconômicos brasileiros tinham suas raízes fincadas na própria formação econômica de nosso País, que priorizava o mercado exportador em detrimento do mercado interno, alicerce de um crescimento econômico sustentado e duradouro. Era preciso, pois, desenvolver o mercado interno, e a melhor maneira de fazê-lo era aumentando a produtividade da economia brasileira por meio da industrialização. 
Formação Econômica do Brasil trouxe outras idéias inovadoras. Comparando nossa economia com a economia norte-americana no período após a crise de 1929, Celso Furtado demonstra que o Brasil já crescia a partir de 1932, enquanto os Estados Unidos continuavam em depressão. Essa realidade fática é usada para demonstrar, nas palavras do mestre, que “o Brasil não crescia como economia reflexa, mas por dinâmica própria”. Era a idéia inovadora do deslocamento do centro dinâmico, que reforçava a tese de que o Brasil precisava crescer a partir do crescimento do mercado interno. 
O modelo de crescimento preconizado no livro foi, de fato, implementado no País por intermédio da política de substituição de importações que marcou o desenvolvimento da indústria nacional, principalmente a partir dos anos 70. Se hoje contamos com uma base industrial forte e diversificada, muito devemos ao modelo de industrialização adotado a partir das idéias de Celso Furtado e dos economistas da Cepal. 
Poucas obras científicas ou literárias chegaram aos cinquenta anos ainda atuais, ainda servindo para explicar a realidade do hoje. É o caso deFormação Econômica do Brasil, livro que continua tão ou mais lido do que quando foi publicado. 
Ao lançarmos um olhar mais aprofundado sobre a crise econômica que o mundo atravessa, podemos constatar que, apesar de estar sendo, sim, afetado, o Brasil não sofre as consequências, os reflexos da crise, os sintomas, na mesma magnitude que as economias mais desenvolvidas. Não resta dúvida de que isso ocorre porque o mercado consumidor brasileiro está maduro e é capaz de proporcionar à nossa economia demanda suficiente para garantir um patamar mínimo de crescimento. 
Se o modelo adotado para nossa industrialização fosse única e exclusivamente exportador, estaríamos, neste momento, amargando uma crise de proporções catastróficas, diante da queda livre da demanda externa. 
Quando Celso Furtado publicou Formação Econômica do Brasil, nosso País ainda precisava encontrar-se consigo mesmo. Precisávamos nos desenvolver para acabar com séculos de desigualdades sociais gritantes, que apartavam a imensa maioria da população de qualquer benefício advindo da prosperidade econômica do Brasil. 
Hoje, a situação é bastante diferente. Soubemos industrializar-nos sem, no entanto, abandonar os outros setores da economia, como a agricultura. Se as nossas desigualdades sociais ainda são gritantes, são bem menores do que há cinquenta anos! 
A grande lição de Formação Econômica do Brasil foi ensinar-nos o caminho do crescimento com justiça social. Se ainda não obtivemos pleno êxito, é inegável que estamos trilhando o caminho certo. Talvez o maior exemplo disso seja o grande contingente de nossa população que, ano após ano, deixa para trás a pobreza e ingressa na classe média! É o mercado interno brasileiro funcionando como alavanca e como consequência de um processo de crescimento baseado em pilares internos, e não exclusivamente voltado para o exterior. 
Formação Econômica do Brasil continua mais atual do que nunca, o que demonstra o brilhantismo de seu autor. Neste ano em que comemoramos o cinquentenário de sua publicação e que lembramos o quinto aniversário de morte do grande Celso Furtado, não poderia, como Senador da República, Líder do PRB, e acima de tudo como cidadão brasileiro, deixar de homenagear o autor e sua obra-prima, que tanto contribuíram para o desenvolvimento do Brasil e para a prosperidade dos brasileiros. 
Sr. Presidente, ao concluir este meu pronunciamento, que peço seja registrado nos Anais da Casa, quero dizer a V. Exª que nenhuma nação pode se considerar culta, poderosa, praticante das virtudes a serviço da humanidade se não souber honrar os seus líderes sábios e generosos, seus guias predestinados e visionários, que conseguem, com seu talento, amalgar, nas virtudes e defeitos de seus povos, a nossa nacionalidade. 
Aqui, Sr. Presidente, a homenagem deste obscuro e anônimo Senador da Representação Popular do Rio de Janeiro à memória de Celso Furtado. 
Muito obrigado, Sr. Presidente. 

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SEGUE, NA ÍNTEGRA, PRONUNCIAMENTO DO SR. SENADOR MARCELO CRIVELLA. 
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O SR.  MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB – RJ. Sem apanhamento taquigráfico.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, abençoado é o país que conta com um rol de pensadores capazes de explicar sua essência, sua alma. Felizmente, o nosso Brasil se encaixa nesta premissa, pois contamos com autores da estirpe de Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Hollanda, Caio Prado Júnior e Darcy Ribeiro, entre muitos outros.

Hoje, gostaria de render homenagens a um desses intelectuais – muitas vezes incompreendido –, cujo nome, certamente, encontra-se no panteão dos grandes pensadores brasileiros de todos os tempos. Refiro-me a Celso Furtado, autor de uma obra seminal para entender o processo de desenvolvimento socioeconômico brasileiro que, em 2009, completa 50 anos de publicação: Formação Econômica do Brasil
Quando de sua publicação, em 1959, o Brasil vivia a efervescência dos anos JK. O processo de industrialização da economia nacional tinha como pilar o surgimento da indústria automobilística e de bens duráveis. O País ainda era essencialmente agrícola, mas começava a entender a necessidade de industrializar-se, melhor maneira de diminuir a distância que o separava das nações desenvolvidas, principalmente no tocante aos indicadores econômicos e sociais. 
Faltava ao Brasil, no entanto, uma obra que estabelecesse as premissas para o nosso desenvolvimento, mas que não fosse uma mera cópia ou mesmo uma adaptação da teoria econômica então existente – elaborada a partir da experiência dos países desenvolvidos. O grande mérito de Celso Furtado, com Formação Econômica do Brasil, foi exatamente este: entender a gênese da economia brasileira e firmar os pilares para o desenvolvimento do País a partir de uma perspectiva nacional. 
Traduzido em nove línguas, entre elas chinês e japonês, o livro fez de Celso Furtado um dos autores no campo das ciências sociais mais lidos e publicados no Brasil e no exterior. Tamanho sucesso de pública e de crítica se deve, essencialmente, à linguagem acessível adotada pelo autor ao combinar investigação histórica com análise econômica, fazendo com que a obra seja um livro de economia, porém não escrito para economistas. 
Seria impossível falar dos cinqüenta anos de Formação Econômica do Brasil sem falar um pouco de seu brilhante autor. 
Celso Furtado nasceu em Pombal, na Paraíba, no ano de 1920. Acolhido na minha querida cidade do Rio de Janeiro, como tantos irmãos nordestinos em busca de melhores oportunidades, formou-se em Direito, em 1944, pela Universidade do Brasil, atual UFRJ. Quatro anos depois, em 1948, doutorou-se em Economia pela Universidade de Paris, Sorbonne. Um ano depois, passou a integrar a Cepal – Comissão Econômica para a América Latina, órgão da ONU, passando a residir em Santiago do Chile. 
Em 1953, participou do Grupo Misto de Estudos BNDE-Cepal, cujo trabalho embasou o Plano de Metas do Governo JK, primeiro programa econômico de cunho fortemente desenvolvimentista implantado no Brasil. Em 1954, publicaria seu primeiro livro, A Economia Brasileira: Contribuição à Análise de seu Desenvolvimento. Até 2004, ano de sua morte, seriam mais de 20 livros publicados! 
Em 1958, assumiu o cargo de Diretor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) e produziu um estudo visando à solução dos problemas de seu amado Nordeste, com base no qual o Presidente Juscelino Kubitschek, ele mesmo um visionário, enviou um projeto ao Congresso Nacional propondo a criação da Sudene. O próprio Celso Furtado seria o primeiro Superintendente do órgão, do qual sairia em 1962 para exercer o cargo de Ministro Extraordinário do Planejamento. Um ano depois, retornou à Superintendência da Sudene, de onde só sairia cassado pela ditadura militar. 
Homem de fibra e de fortes convicções, não de deixou abater pelo exílio, tendo lecionado nas Universidades de Harvard e Columbia, nos Estados Unidos; em Cambridge, na Inglaterra; e na Sorbonne, na França, da qual foi professor efetivo. Entre 1964 e 1978, mesmo longe de sua terra natal, publicou nada menos que 10 livros. 
Anistiado em 1979, voltou ao País. O último cargo público que exerceu foi o de Ministro da Cultura no Governo do Presidente Sarney. Na década de 1990 e até a sua morte, em 2004, dividiu-se entre o Rio de Janeiro e Paris, porém nunca deixou de pensar o Brasil, sendo figura constante em eventos e seminários de temática socioeconômica. 
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, com a morte de Celso Furtado, o Brasil perdeu um de seus maiores intelectuais de todos os tempos. Bem sabemos: os homens passam, suas obras ficam. Que bom que assim seja! Somos finitos, mas as coisas que produzimos têm o poder de extrapolar nossas existências. E assim foi com o grande mestre! 
Comemorar o jubileu de ouro da publicação de Formação Econômica do Brasil é uma maneira não só de homenagear seu autor, figura preciosa no panteão dos grandes pensadores deste País. É também uma homenagem ao povo brasileiro, que pela primeira vez viu sua realidade e as raízes de sua história dissecadas em uma obra que não olhava apenas para trás: muito pelo contrário, o livro esmiuçou os alicerces da formação da economia nacional com os olhos voltados para o futuro! 
Ao escrever Formação Econômica do Brasil, Celso Furtado inovou ao situar o nascimento do Brasil como parte de um processo de desenvolvimento e expansão da Europa, uma visão inédita à época e que situava o País na história global. 
Furtado explica o subdesenvolvimento brasileiro a partir da coexistência de uma estrutura produtiva dual, caracterizada pelas diferenças entre um setor de alta produtividade, voltado para a exportação, e um setor voltado para a economia de subsistência, de baixa produtividade. Tal estrutura é colocada como conseqüência dos ciclos econômicos vividos pelo Brasil, esmiuçados pelo livro: o ciclo da cana-de-açúcar; a economia escravista mineira do ciclo do ouro; e a transição para o trabalho assalariado, com o fim da escravidão. 
Celso Furtado desenvolveu, assim, a tese de que os problemas socioeconômicos brasileiros tinham suas raízes fincadas na própria formação econômica de nosso País, que priorizava o mercado exportador em detrimento do mercado interno, alicerce de um crescimento econômico sustentado e duradouro. Era preciso, pois, desenvolver o mercado interno, e a melhor maneira de fazê-lo era aumentando a produtividade da economia brasileira por meio da industrialização. 
Formação Econômica do Brasil trouxe outras idéias inovadoras. Comparando nossa economia com a economia norte-americana no período após a crise de 1929, Celso Furtado demonstra que o Brasil já crescia a partir de 1932, enquanto os Estados Unidos continuavam em depressão. Essa realidade fática é usada para demonstrar, nas palavras do mestre, que “o Brasil não [fusion_builder_container hundred_percent=”yes” overflow=”visible”][fusion_builder_row][fusion_builder_column type=”1_1″ background_position=”left top” background_color=”” border_size=”” border_color=”” border_style=”solid” spacing=”yes” background_image=”” background_repeat=”no-repeat” padding=”” margin_top=”0px” margin_bottom=”0px” class=”” id=”” animation_type=”” animation_speed=”0.3″ animation_direction=”left” hide_on_mobile=”no” center_content=”no” min_height=”none”][mais] crescia como economia reflexa, mas por dinâmica própria”. Era a idéia inovadora do deslocamento do centro dinâmico, que reforçava a tese de que o Brasil precisava crescer a partir do crescimento do mercado interno. 
O modelo de crescimento preconizado no livro foi, de fato, implementado no País por intermédio da política de substituição de importações que marcou o desenvolvimento da indústria nacional, principalmente a partir dos anos 1970. Se hoje contamos com uma indústria forte e diversificada, muito devemos ao modelo de industrialização adotado a partir das idéias de Celso Furtado e dos economistas da Cepal. 
Poucas obras científicas ou literárias chegam aos cinqüenta anos ainda atuais, ainda servindo para explicar a realidade do hoje. É o caso de Formação Econômica do Brasil, livro que continua tão ou mais lido do que quando foi publicado. 
Ao lançarmos um olhar mais aprofundado sobre a crise econômica que o mundo atravessa, podemos constatar que, apesar de estar sendo, sim, afetado, o Brasil não sofre as conseqüências da crise na mesma magnitude que as economias mais desenvolvidas. Não resta dúvida de que isso ocorre porque o mercado consumidor brasileiro está maduro e é capaz de proporcionar à nossa economia demanda suficiente para garantir um patamar mínimo de crescimento. 
Se o modelo adotado para nossa industrialização fosse única e exclusivamente exportador, estaríamos, neste momento, amargando uma crise de proporções catastróficas, diante da queda livre da demanda externa. 
Quando Celso Furtado publicou Formação Econômica do Brasil, nosso País ainda precisava encontrar-se consigo mesmo. Precisávamos nos desenvolver para acabar com séculos de desigualdades sociais gritantes, que apartavam a imensa maioria da população de qualquer benefício advindo da prosperidade econômica do Brasil. 
Hoje, a situação é bastante diferente. Soubemos industrializar-nos sem, no entanto, abandonar os outros setores da economia, como a agricultura. Se as nossas desigualdades sociais ainda são gritantes, são bem menores do que há cinqüenta anos! 
A grande lição de Formação Econômica do Brasil foi ensinar-nos o caminho do crescimento com justiça social. Se ainda não obtivemos pleno êxito, é inegável que estamos trilhando o caminho certo. Talvez o maior exemplo disso seja o grande contingente de nossa população que, ano após ano, deixa para trás a pobreza e ingressa na classe média! É o mercado interno brasileiro funcionando como alavanca e como conseqüência de um processo de crescimento baseado em pilares internos, e não exclusivamente voltado para o exterior. 
Formação Econômica do Brasil continua mais atual do que nunca, o que demonstra o brilhantismo de seu autor. Neste ano em que comemoramos o cinqüentenário de sua publicação e que lembramos o quinto aniversário de morte do grande Celso Furtado, não poderia, como Senador da República, líder do PRB, e acima de tudo como cidadão brasileiro, deixar de homenagear o autor e sua obra-prima, que tanto contribuíram para o desenvolvimento do Brasil e para a prosperidade dos brasileiros. 
Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente. 
Muito obrigado!

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