O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB – RJ. Como Líder. Sem revisão do orador.) – Senador Jayme Campos, era a ordem cronológica que estava ali.
Sr. Presidente, eu vim aqui apenas para prestar um depoimento. No dia 21 deste mês corrente, Dia de Tiradentes, eu contemplei uma imensa multidão que se agitava no coração da capital do Estado do Rio de Janeiro, um imenso cinturão, uma massa humana, por extenso, ao longo das ruas e avenidas da Baía de Guanabara, de maneira respeitosa, solene, aguardando horas a fio o momento de fazer oração, de abrir o coração, de clamar aos céus e determinar o Dia D dos seus infortúnios e a alvorada dos seus triunfos.
Sr. Presidente, era tamanha a fé daqueles milhões de fluminenses – católicos, evangélicos, espíritas, pessoas que afluíram para aquela reunião – que parecia que o céu tocava a terra. Formou-se um tsunami de poder. Um dilúvio de graça caiu sobre todos, um vendaval que varreu para longe as tristezas e os desenganos daquela nossa gente, uma clarinada de fé e de civismo, uma mensagem de esperança a todos os corações de um Rio de Janeiro sofrido, uma metrópole que amargurou ver suas crianças inocentes morrendo na lama e no lixo, soterradas nas favelas. Aquela outrora Cidade Maravilhosa voltou-se para buscar a Deus com o coração sincero. Comovente ver tantas pessoas irmanadas, unidas, tomadas pelo mesmo sentimento, unidas no mesmo fervor para realizar ali a sua oração.
Eu estava lá, Sr. Presidente, e fiquei muito tocado, muito emocionado, comovido mesmo de ver que ali ocorria algo tão extraordinário. A natureza ao nosso redor naquela tarde, Sr. Presidente, era exuberante: um céu azul, o Pão de Açúcar, o Cristo Redentor, as águas plácidas da Baía de Guanabara. Parecia que toda a natureza se erguia e clamava ao universo: “Eis aí o povo brasileiro, eis aí o povo do Rio de Janeiro, eis aí o povo do Deus altíssimo!”
Que espetáculo, que coisa bonita! Poucas vezes na vida presenciei uma corrente de tanta gente unida na mesma fé e no mesmo fervor.
É claro, Sr. Presidente, que aos adversários coube a velha cantilena, o lengalenga dos desenganos, dos erros. Aquele rosário já velho, surrado, esfarrapado, moribundo, que apenas remonta a um rancor neurótico, a um ódio imbatível daqueles que não conseguem ver tanta beleza no povo brasileiro unido para, dentro dos seus princípios sagrados, dentro daquilo que constitui, eu diria, o âmago da nossa formação, os princípios cristãos. Eles não conseguiram enxergar. Viram apenas entreveros naturais de uma concentração de uma imensa massa humana que se reúne em um dia de feriado, dia em que ninguém morreu, ninguém foi assaltado, não houve nenhuma criança atropelada, não houve sangue derramado; pelo contrário, tudo ocorreu em paz e tudo ocorreu dentro da ordem.
Agora, Sr. Presidente, o que vale ressaltar, o que vale marcar aqui, no plenário do Senado Federal, é essa pujante, invencível, imbatível fé do brasileiro. Às vezes, alguns até desanimam, alguns acham que nos afastamos a passos largos dos primórdios da nossa fé e daquilo que norteou sempre os nossos processos de evolução social, política e até econômica, como a solidariedade, o amor cristão.
Por exemplo, quem examina o Plano Nacional de Direitos Humanos se assusta com a interferência do Governo, que passa a considerar a sociedade apenas no sentido social, sem levar em conta que o brasileiro tem uma alma, que o brasileiro tem uma convicção. Os autores do Plano parece que são os descobridores do Brasil, e ali atropelam princípios que são dos mais caros ao povo brasileiro: a defesa da família, a defesa da vida, a defesa da propriedade, a liberdade de imprensa, a liberdade religiosa. Tudo isso, de roldão, é simplesmente ignorado. E se ditam novas regras, e por decretolei! E nossa gente, em sua imensa maioria ordeira, humilde, trabalhadora, nem fica sabendo.
Por exemplo, pelo PND, nós não vamos poder ter mais a nossa cruz, que nos lembra o sacrifício de Cristo, aqui no plenário, nem poderemos dizer que esta sessão se abre sob a proteção de Deus, porque, segundo o que eles dizem, o que eles ensinam, o que eles querem nos impor é que isso é interferência, é religião oficial. Quando o Supremo já decidiu várias vezes que isso apenas remonta aos princípios da nossa nacionalidade, desde os primórdios da nossa descoberta.
Sr. Presidente, eu quero, então, aqui deixar registrado que fiquei muito feliz de participar de uma reunião com dois milhões de fluminenses. Todos, ali, num determinado momento, silentes, profundamente fervorosos, com devoção, estavam clamando pelo Brasil e pelo Rio de Janeiro. Se não conseguem ver beleza nisso, se não conseguem, Sr. Presidente, tolerância, indulgência, para, eu diria, entender que uma reunião dessas pode trazer alguns pequenos transtornos, mas que devem ser ignorados diante do vulto desse acontecimento da nossa fé, cabe apenas lamentar.
Mas eu, aqui, quero festejar a fé do povo do meu Estado, do Rio de Janeiro que, ali, na Baía de Guanabara, deu uma afirmação maiúscula de que somos uma Nação cristã e dos princípios de solidariedade e amor que devem sempre acompanhar os processos políticos de evolução do nosso País e os processos sociais também.
Muito obrigado, Sr. Presidente.