O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB – RJ. Como Líder. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, telespectadores e ouvintes da Rádio Senado, senhores presentes, hoje sou a voz triste do Rio. A voz sentida da Baixada Fluminense que, nas minhas pobres palavras, vem prestar reverente o tributo da nossa dor.
Lamentamos o acidente do avião da FAB e a morte de dois brasileiros, ao mesmo tempo em que somos tomados pelo infinito que há na admiração, na dor e na saudade desse vulto de bravura, desse soldado abnegado, o Suboficial Marcelo dos Santos Dias. Ninguém pode definir ao certo a dimensão desses sentimentos. Podemos supor que está ligado à duração que tais fatos têm em nossa lembrança afetiva ou nos efeitos que imprimem na nossa forma de ver o mundo. Pois isso tudo reafirma o conceito do infinito neste episódio. Porque jamais esqueceremos o suboficial que no pobre cenário humano dos nossos dias tomou para si a imensa missão de salvar todos os tripulantes do avião, mas também sobretudo e principalmente nos legar uma lição imortal que renova em cada um de nós a fé na humanidade. Seu gesto de heroísmo nos enche de admiração, ao mesmo tempo em que sua partida deixa o gosto amargo de um momento que poderia terminar de maneira diferente. Era para esse herói fluminense receber em vida a justa homenagem, cercado pelo carinho e ternura da sua família, admiração e respeito de seus superiores e companheiros e, antes e acima de tudo, a gratidão eterna de cada um dos tripulantes que ele ajudou a salvar, cedendo-lhes a vez, estimulando seus ânimos, esquecendo da própria vida, exaurindo todas as energia que possuía, até que cumprisse seu derradeiro dever de herói brasileiro, restando solitário apenas com o aplauso da sua consciência.
Ali não era somente o soldado da Aeronáutica. Era a figura daquele condor heroico, formado para rasgar o céu como uma tocha de fogo no momento supremo da guerra, quando a Pátria lhe requer a vida e cuja imagem Afonso Arinos criou para marcar a contingência político-ideológica do seu tempo, manchado pelo sangue inocente do Major Rubens Vaz, derramado em vão. Ali era o mais alto sentimento de honra e bravura do homem brasileiro, imbuído do sagrado espírito de servir e fazer do amor ao próximo a razão de sua existência.
E foi no que temos de mais exuberante, a Amazônia, que o destino lhe ergueu o altar do sacrifício e imprimiu a sua vida nos últimos instantes aquela dimensão infinita que jamais poderemos avaliar em toda a sua extensão.
Infinita foi a sua tenacidade para manter a tranquilidade durante a queda do avião e, com inteligência, organizar a fuga, uma vez vencido o desafio do pouso; infinita foi sua serenidade diante dos clarões da eternidade; infinita foi sua lealdade a tudo que jurou amar e defender quando ingressou na Força Aérea; infinita foi a sua bondade ao pensar nos outros muito mais do que em si mesmo; infinita foi a sua fé em Deus cada vez que estendeu sua mão para amparar cada um dos passageiros e lhes conduzir seguros à porta da salvação, até que só lhe restou a mão de Deus para conduzi-lo aos portões da vida eterna.
Ele que ajudou a todos, não teve ninguém para ajudá-lo. Esgotou-se demais em salvar os outros e já não possuía forças para vencer a correnteza daquelas águas pujantes e salvar a si mesmo. Deu-se no cumprimento do dever. E foi assim que Deus o tomou. O mundo não o merecia. Nós, que não soubemos guardá-lo, não o merecíamos.
As águas do igarapé levaram para os oceanos e de lá para o mundo o exemplo majestoso, inesquecível e heroico do soldado brasileiro que deu a vida para salvar seus irmãos, possuído de idealismo e renúncia.
Numa fase da vida de tantas controvérsias, em que a pobre humanidade, trôpega pelo torpor dos seus próprios enganos, afasta-se dos valores éticos e se degenera na impiedade, no egoísmo, na mentira e na injustiça, o bravo suboficial, como os primeiros raios de uma manhã ensolarada e sem nuvens rasga a escuridão da noite, rompeu os horizontes infinitos da esperança e nos trouxe de volta a fé na humanidade.
Ontem, no Dia de Finados, ao longo de nossas ruas e avenidas, contemplamos enormes multidões que se agitavam no coração de nossas cidades em direção às sepulturas.
Muitos pais choraram seus filhos, mães choraram suas filhas, irmãos carpiam irmãos e, no Cemitério Parque Jardim de Mesquita, a Pátria, magoada e triste, chorava a perda de seu filho que um dia prometeu e na hora da decisão cumpriu o legado do nosso Hino: “Verás que um filho não foge à luta”.
Lamentamos o acidente do avião da FAB e a morte de dois brasileiros, ao mesmo tempo em que somos tomados pelo infinito que há na admiração, na dor e na saudade desse vulto de bravura, desse soldado abnegado, o Suboficial Marcelo dos Santos Dias. Ninguém pode definir ao certo a dimensão desses sentimentos. Podemos supor que está ligado à duração que tais fatos têm em nossa lembrança afetiva ou nos efeitos que imprimem na nossa forma de ver o mundo. Pois isso tudo reafirma o conceito do infinito neste episódio. Porque jamais esqueceremos o suboficial que no pobre cenário humano dos nossos dias tomou para si a imensa missão de salvar todos os tripulantes do avião, mas também sobretudo e principalmente nos legar uma lição imortal que renova em cada um de nós a fé na humanidade. Seu gesto de heroísmo nos enche de admiração, ao mesmo tempo em que sua partida deixa o gosto amargo de um momento que poderia terminar de maneira diferente. Era para esse herói fluminense receber em vida a justa homenagem, cercado pelo carinho e ternura da sua família, admiração e respeito de seus superiores e companheiros e, antes e acima de tudo, a gratidão eterna de cada um dos tripulantes que ele ajudou a salvar, cedendo-lhes a vez, estimulando seus ânimos, esquecendo da própria vida, exaurindo todas as energia que possuía, até que cumprisse seu derradeiro dever de herói brasileiro, restando solitário apenas com o aplauso da sua consciência.
Ali não era somente o soldado da Aeronáutica. Era a figura daquele condor heroico, formado para rasgar o céu como uma tocha de fogo no momento supremo da guerra, quando a Pátria lhe requer a vida e cuja imagem Afonso Arinos criou para marcar a contingência político-ideológica do seu tempo, manchado pelo sangue inocente do Major Rubens Vaz, derramado em vão. Ali era o mais alto sentimento de honra e bravura do homem brasileiro, imbuído do sagrado espírito de servir e fazer do amor ao próximo a razão de sua existência.
E foi no que temos de mais exuberante, a Amazônia, que o destino lhe ergueu o altar do sacrifício e imprimiu a sua vida nos últimos instantes aquela dimensão infinita que jamais poderemos avaliar em toda a sua extensão.
Infinita foi a sua tenacidade para manter a tranquilidade durante a queda do avião e, com inteligência, organizar a fuga, uma vez vencido o desafio do pouso; infinita foi sua serenidade diante dos clarões da eternidade; infinita foi sua lealdade a tudo que jurou amar e defender quando ingressou na Força Aérea; infinita foi a sua bondade ao pensar nos outros muito mais do que em si mesmo; infinita foi a sua fé em Deus cada vez que estendeu sua mão para amparar cada um dos passageiros e lhes conduzir seguros à porta da salvação, até que só lhe restou a mão de Deus para conduzi-lo aos portões da vida eterna.
Ele que ajudou a todos, não teve ninguém para ajudá-lo. Esgotou-se demais em salvar os outros e já não possuía forças para vencer a correnteza daquelas águas pujantes e salvar a si mesmo. Deu-se no cumprimento do dever. E foi assim que Deus o tomou. O mundo não o merecia. Nós, que não soubemos guardá-lo, não o merecíamos.
As águas do igarapé levaram para os oceanos e de lá para o mundo o exemplo majestoso, inesquecível e heroico do soldado brasileiro que deu a vida para salvar seus irmãos, possuído de idealismo e renúncia.
Numa fase da vida de tantas controvérsias, em que a pobre humanidade, trôpega pelo torpor dos seus próprios enganos, afasta-se dos valores éticos e se degenera na impiedade, no egoísmo, na mentira e na injustiça, o bravo suboficial, como os primeiros raios de uma manhã ensolarada e sem nuvens rasga a escuridão da noite, rompeu os horizontes infinitos da esperança e nos trouxe de volta a fé na humanidade.
Ontem, no Dia de Finados, ao longo de nossas ruas e avenidas, contemplamos enormes multidões que se agitavam no coração de nossas cidades em direção às sepulturas.
Muitos pais choraram seus filhos, mães choraram suas filhas, irmãos carpiam irmãos e, no Cemitério Parque Jardim de Mesquita, a Pátria, magoada e triste, chorava a perda de seu filho que um dia prometeu e na hora da decisão cumpriu o legado do nosso Hino: “Verás que um filho não foge à luta”.
Foi isso que a Pátria, enlutada e orgulhosa, constatou no gesto do herói da Força Aérea, que, na sua morte, foi a encarnação da honra. Sua atitude se acrescenta ao patrimônio moral da nossa geração. Ele soube cumprir com abnegação e denodo a sua missão e se entronizou de cabeça erguida no Panteão da Pátria. Seu corpo exausto foi encontrado nas margens do Ituí, a 2,5 km do trágico acidente, mas seu exemplo paira para sempre nos céus do Brasil.
Muito obrigado, Sr. Presidente.