O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PL – RJ. Como Líder. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, neste momento, o ambientalista Dionísio Júlio Ribeiro está sendo enterrado no cemitério de Ricardo Albuquerque. Ele tinha 61 anos, integrava a ONG Grupo de Defesa da Natureza e foi covardemente assassinado com um tiro de escopeta. 
Foi uma morte anunciada. Afinal, o ambientalista, que trabalhava como voluntário na identificação de exploradores da reserva de Tinguá, vizinha a Nova Iguaçu, vinha recebendo ameaças de morte há dez anos. Como todo idealista, porém, ameaças jamais o calaram. Foi preciso um tiro certeiro para calar a voz daquele que se dedicava a uma causa com a tenacidade de toda uma vida. 
O silêncio de Dionísio gritou em todo o Brasil e foi ecoar lá fora. O site da rede americana de TV CNN deu destaque ao assassinato do ambientalista Dionísio Júlio Ribeiro. A reportagem, que entrou ontem na versão online da rede, fornecida pela agência de notícias Associated Press, destaca que a morte do ambientalista no Rio de Janeiro aconteceu poucos dias depois do assassinato da missionária americana Dorothy Stang, vítima da violência no campo em Anapu no Pará. 
O texto traz depoimentos do gerente executivo do Ibama no Rio, Edson Bedim de Azeredo, alertando para a gravidade dos crimes contra ambientalistas, e também de Cintra da Silva, do Grupo de Defesa da Natureza. Ela conta que o colega nunca andava sozinho à noite, para evitar emboscadas, e que ele havia recebido ameaças de morte nos últimos anos devido à sua atuação contra a caça de animais silvestres e a colheita de palmito. 
A reportagem termina destacando que o trabalho de Dionísio era totalmente voluntário. 
A diligente Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, já determinou à cúpula da Polícia Federal todo empenho na instauração do inquérito para investigar a morte. Ontem mesmo, a Polícia Federal enviou uma equipe à reserva de Tinguá para rastrear a área. O Governo Federal decidiu instaurar inquérito, já que envolve questão ambiental e o caso teve grande repercussão. 
Marina Silva quer investigação profunda do caso. A Ministra conversou com o Secretário Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, Ministro Nilmário Miranda, sobre o assassinato do ambientalista e a ação do Governo. 
Nós, aqui do plenário desta Casa, queremos pediu um pouco mais. Queremos pedir à Polícia Federal que, nesse caso ocorrido em Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, dedique os mesmos empenho, esforço, competência e meios que utilizou no caso de Arapu, Pará, para que se chegue à solução desse crime, que se descubram os mandantes, os executantes e as empresas que se interessam por esse tipo de delito, afinal ninguém faria plantações ou colheria palmito se não houvesse uma empresa para industrializá-lo. 
Desculpe-me, Sr. Presidente, sinto-me emocionado, porque o Rio de Janeiro está vivendo momentos muito difíceis. Todos os dias, os jornais divulgam crimes, violências, a situação dos morros, onde mais de setecentas comunidades carentes vivem e as pessoas são mortas por balas perdidas e são submetidas às regras impostas pelo narcotráfico, que venceu o Estado, na cidade do Rio de Janeiro. 
Mais uma vez, ocupamos as primeiras páginas dos jornais com crimes como esse: o assassinato de um homem idoso, de 61 anos, com um tiro de escopeta na cabeça. É impressionante como a violência chega a níveis bárbaros na cidade do Rio de Janeiro! 
Faço um apelo ao Sr. Procurador-Geral da República para que use da prerrogativa que lhe foi conferida, por ocasião da reforma do Judiciário, e federalize a investigação desse crime que, como já disse, tem repercussão internacional. 
É com muito pesar, Sr. Presidente, que concluo meu pronunciamento. Ontem mesmo, solicitei ao Senado o envio de votos de pesar à família. E, mais uma vez, neste momento em que ele está sendo sepultado, manifesto a minha profunda tristeza pela morte desse conterrâneo. 
Muito obrigado.