O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB – RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sr. Senador, senhores telespectadores da TV Senado, são 22 horas e estamos aqui preocupados em conduzir os trabalhos desta Casa sob a liderança serena, lúcida e experiente do Senador Mão Santa. 
Senador, desde o dia 4 de março, há um dilúvio de denúncias nos jornais da minha terra. Portanto, venho requerer, nos termos regimentais, que a Presidência, que a Mesa se disponha a responder a essas denúncias, para que eu encaminhe à imprensa as providências tomadas. 
Eu tenho total confiança de que os membros da Mesa, Governadores, o Presidente da República, Ministros, Prefeitos têm todas as competências e toda experiência para dar uma resposta a isso. Agora, é preciso dar, é preciso dizer: “A denúncia publicada no jornal do dia tal é falsa por isso, isso e isso. É verdadeira e tomamos as providências tais”. Pronto, acabou. Eu sei que nada impede que as providências sejam tomadas, porque eu conheço bem a grandeza moral, a força, a brasilidade e o civismo dos meus companheiros do Senado Federal. 
São coisas sobre as quais vivo sendo cobrado por e-mail, por jornalistas. Quantas pessoas me dizem: “Senador Crivella, o senhor não tomou uma atitude, não cobrou, não pediu”. Então, estou aqui pedindo. 
Listei as denúncias todas que saíram na imprensa do dia 4 de março até ontem. A maioria, tenho certeza, foi objeto de ações que aqui já foram tomadas, e outras estão em andamento. Mas é preciso que a Mesa se manifeste, responda. E eu farei publicar uma a uma, na imprensa da minha terra. 
Denúncia do dia 7 de março sobre a existência de 37 funcionários fantasmas entre os 337 contratados pelo Senado Federal por meio da empresa Ipanema. Por oportuno, solicito ser informado sobre o resultado da auditoria realizada nos contratos firmados por esta Casa com as empresa Conservo, Ipanema Seguros e Ipanema Transportes. 
Quinze de março. Denúncia sobre nepotismo terceirizado praticado por diretores desta Casa, que se valeram das empresas Servegel e Aval para contratar parentes. 
Dezoito de março: denúncia de que a estrutura organizacional do Senado, injustificadamente, abrigava 136 diretorias. 
Vinte e quatro de março: denúncia de que a servidora desta Casa, a jornalista e advogada Elga Mara Teixeira Lopes, teria trabalhado em campanha eleitoral sem se licenciar e recebendo do Senado. 
Quatro de abril: denúncia de que a Casa mantinha 17 conselhos integrados por cinco a dez funcionários cada, pagando-lhes adicionais de R$1.000,00 a R$2.064,00. 
Cinco de abril: denúncia de que a Casa mascarou dados sobre gastos com a saúde, para tanto inflando o número de funcionários para camuflar despesa real unitária com pagamento de serviços médicos e odontológicos. 
Também de 5 de abril: denúncias de que o Diretor-Geral da época driblou a Constituição e postergou a realização de concursos públicos para multiplicar o número de cargos comissionados. 
Onze de abril: de que a funcionária Eliana Maria de Jesus Ros, recebendo seus vencimentos pelo Senado, prestava serviço a órgão do Poder Executivo. 
Vinte de abril: denúncia de que o Senado teria hoje 3.516 servidores terceirizados efetivos, mais do que o dobro do número de seus funcionários de carreira, como resultado de postergação de concurso público. 
Vinte e cinco de abril: denúncia de que ex-Diretor de Recursos Humanos usou sua ex-babá para criar empresa de intermediação de empréstimo bancário, recebendo, apenas do Banco Cruzeiro do Sul ,cerca de R$2,3 milhões. 
Onze de junho: denúncia sobre a existência de uma sociedade secreta na Casa, que editou mais de 500 atos secretos, por meio dos quais foram criados cargos e nomeados apadrinhados. 
Denúncia de que Amaury de Jesus Machado, 20 de junho, conhecido como Secreta, funcionário com salário de cerca de R$12.000,00, prestava serviço particular fora do Senado para a Governadora Roseana Sarney.
Também de 21 de junho: denúncia de que servidora do Senado Solange Amorelli, embora recebendo seus vencimentos pelo Senado, residia há dois anos nos Estados Unidos.
Vinte e cinco de junho: denúncia sobre manutenção de conta bancária considerada atípica na Caixa Econômica Federal, com saldo de R$3,7 milhões.
Também de 30 junho: denúncia de que o Diretor do Senado Sebastião Fernando Neves manteve parentes em empresas terceirizadas contratadas para prestação de serviço para a Casa.
Sr. Presidente, são essas as denúncias que foram publicadas nesse período que citei. Não queria demorar, já vai tarde a hora. Mas tenho certeza de que a Casa vai dar informação uma a uma, responder uma a uma, e eu terei o imenso prazer de poder responder à imprensa da minha terra sobre as providências que foram tomadas. 
O 1º Secretário já disse, alto e bom som: “Não tenho compromisso com o erro” ­ parodiando, salvo engano, o então Presidente Itamar Franco ou Tancredo Neves, que dizia isto: “Eu não tenho compromisso com o erro”. Agora, é necessário, é importante que essas perguntas específicas, que essas denúncias específicas tenham uma resposta de duas, três linhas: “Tomamos estas e estas providências; abriu-se uma comissão para apurar isto; estamos retificando este assunto; abriu-se uma sindicância administrativa para apurar isto; não é verdade isto, não sei o que, tal” para que a gente supere essa fase negra da nossa vida parlamentar e possamos seguir com a segurança, com a paz da segurança da nossa inocência, servindo ao povo, que é a maneira que escolhemos para nos engrandecer na vida. 
Muito obrigado, Sr. Presidente.