O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PL – RJ) – Sr. Presidente José Sarney, Sr. Vice-Presidente da República, José Alencar, figura exponente do nosso Partido.
Quis o Senhor Deus, ou, como diz o Presidente José Sarney, quis alguma armadilha do destino, que V. Exª tivesse a honra de conduzir o projeto dos brasileiros de levar água aos nossos irmãos que sofrem tanto no sertão.
Essa é uma obra muito bonita e que está à altura do Marechal Rondon, o grande brasileiro que se destacou nas comunicações e na consolidação de nossas fronteiras, ou do Pacificador, Marechal Duque de Caxias.
Peço a Deus que inspire V. Exª para que esse projeto possa correr como as águas do São Francisco. V. Exª, dando uma lição a todos nós, ensinou-nos que a profundidade não tem nada a ver com a vazão, que é constante; a velocidade talvez mude, mas a vazão é constante.
Eu queria, muito humildemente, contribuir com V. Exª nesta sessão histórica do S enado. Na época em que morei no sertão – morei em Irecê, na Bahia –, sempre estive convencido de que a água era fundamental para acabarmos com a miséria. Um dia, peguei o carro e fui, lado oeste, cem quilômetros, em direção ao rio São Francisco. Cheguei a uma cidade muito pitoresca chamada Xique-Xique, cujo povo era maravilhoso, mas a miséria era a mesma. Verifiquei, Sr. Vice-Presidente, que o problema não é só a água. O Senador Almeida Lima foi muito feliz ao manifestar sua idéia. Lá em Poço Redondo, onde estive com o Prefeito, Frei Enoque, a água do São Francisco está ali, mas a miséria persiste.
Portanto, gostaria de pedir a V. Exª que, além de executar esse programa tão fantástico, incluísse também a revitalização da Emater, da Codevasf e da Sudene, para que, depois de serem construídos os canais e a água ser levada à parte mais seca do sertão, haja grandes plantações. A nossa querida Paraíba, por exemplo, produz o abacaxi mais doce do mundo. A minha Irecê possui a fruta-de- conde mais doce. Não sei se V. Exª já reparou, Sr. Presidente, a fruta-de-conde, que alguns chamam de ata ou pinha, parece um dinossauro. É nativa do sertão e, fisicamente, representa o nordestino, que por fora tem o aspecto dolorido, mas por dentro tem uma doçura incomparável.
Sr. Vice-Presidente, hoje há muita erudição neste plenário. Quando se fala em irrigar o sertão, todos nos transformamos em poetas e filósofos, sonhamos acordados porque o assunto nos empolga muito. Eu gostaria de deixar minha cooperação lembrando Israel. Quem sabe V. Exª leva para o sertão também o “rio mangueira”: milhares e milhares de quilômetros de mangueiras furadas de cinqüenta em cinqüenta centímetros, transportando água do rio São Francisco e dos canais, a fim de molhar, gotejar água – não se trata de água desperdiçada, mas de água contabilizada –, irrigando, assim, cada pé de feijão, de milho, de melancia, de tudo que plantaremos no futuro paraíso que V. Exª haverá de trazer para o povo brasileiro.
Parabéns a V. Exª! Que Deus o abençoe! Muito sucesso!