O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB – RJ. Como Líder. Sem revisão do orador.) – Senhores telespectadores da TV Senado, senhores ouvintes da Rádio Senado, Srªs e Srs. Senadores e demais presentes ao nosso plenário, gostaria de me regozijar, neste momento, com o resultado da 3ª Olimpíada Brasileira de Matemática nas Escolas Públicas, que, no ano passado, teve 300 vencedores. Mais de 17 milhões de alunos participaram, e os prêmios foram entregues no Teatro Municipal, lá na Cidade do Rio de Janeiro. 
Já fiz um pronunciamento na Comissão de Direitos Humanos sobre um dos estudantes, o cearense Ricardo de Oliveira da Silva, que é portador de uma atrofia muscular muito grave e que foi a primeira vez à escola levado pelo pai num carrinho de mão, mas que, hoje, suplantando uma adversidade extraordinária, é um dos vencedores, é um dos 300 brasileiros que mais sabe matemática, entre os 17 milhões de alunos da 5ª à 8ª série das escolas públicas do Rio de Janeiro. São escolas muito qualificadas, escolas extraordinárias, como os colégios militares, como os institutos de aplicação, como os institutos de educação, enfim, são brasileiros que merecem aqui o nosso elogio, sobretudo esse menino, esse cearense, que, enfrentando toda essa dificuldade, além de ser portador de uma atrofia muscular espinhal, também é de uma família muito carente.

Mas, Sr. Presidente, esses meninos que receberam as medalhas do Presidente da República, do Governador do meu Estado, do Presidente do IMPA, do Ministro da Ciência e Tecnologia e também do nosso Ministro da Igualdade Racial, todos eles, como todos os presentes, aplaudimos de pé essa atuação extraordinária do Ricardo, desse brilhante brasileiro, desse cearense ilustre, insigne, que conseguiu se classificar tão bem nessa olimpíada.

Quero também, Sr. Presidente, lembrar aqui os alunos do meu Estado do Rio de Janeiro. Todos esses meninos e meninas se saíram muito bem entre os dezessete milhões de estudantes que concorreram a essa olimpíada matemática. Queria citá-los um a um, Sr. Presidente, no tempo que tenho. Começo com o Pedro Henrique Paixão Batista, a Ana Thais Castro de Santana, o Luiz Alberto Lopez Quintas Filho, o Renan Ferreirinha Carneiro, o Daniel Ujakow Correa Schubert, a Narayanna Rocha A. Pereira, o Gustavo Pereira de Castro, o Ciro de S. da Silva Monteiro, a Alice Feliciano, o André Luiz de Mesquita Melo, o Daniel Lima Santanelli, o Thiago Juvencio de Andrade, a Gabriela Schüller Vieira, o Roberto Luiz Gomes Filho, o Rodrigo Loiola Bernardino, o Gabriel Muller Frazão Keller, o Mathias Gregório Tarquini, a Inês Franco, o Gabriel de Souza, o Gabriel Guimarães, Tiago Viegas, o Lucas Gianinni Ramos, o Vinicius Gomes Pereira, o Matheus Cordeiro da Costa, a Yvonne Lau, a Isabelle Silva Contreras, o Bruno Affonso Solano, a Isabel Cristina Melo Mendes, o Pedro Paulo Ferreira da Rosa, o Raphael Luiz Avellar Silva, o Renato Soares Nunes, o Daniel Ribeira Vainfas, a Marcele Pereira Dias, o Matheus Neiva Dias, o Thiago Gallego Cunha, o Lereno Soares Neto, o Wandersom dos Santos, o Daniel de Barros Soares, o Gabriel Carneiro, o David Wilian Oliveira de Souza, o Aristóteles de Almeida, o Glauco Trindade, o Pedro Victor de Oliveira, o Nassom Rodrigues de Oliveira, o Roland Debize Duclos e o Rafael Nobrega Rodrigues. 
Esses, Sr. Presidente, que nominei aqui um a um são os grandes campeões do Rio de Janeiro nessa 3ª Olimpíada de Matemática das Escolas Públicas. 
Sabemos que as nacionalidades dependem muito dos incidentes, dos acidentes misteriosos e imprevisíveis da sua formação, dos símbolos telúricos que lhes vincam a índole e a vocação. Mas não há notícias na história de nenhuma nação ser formada digna, culta, poderosa e influente sem a presença desses líderes, sábios, generosos, desses predestinados. Muitos deles estão aqui entre esses meninos que serão futuras lideranças, porque já despontam em uma ciência que é, segundo os sábios, o alfabeto que Deus usou para criar o universo: a Matemática. 
Estão de parabéns, meninos e meninas do meu Estado, esses que nomeei aqui. 
Todos nós, lembro aqui, naquela solenidade épica, naquele momento solene, majestoso, ficamos de pé quando subiu ao palco esse menino do Ceará que, com pouca idade, enfrentando, como citei aqui antes, extrema adversidade física e social – não sei qual das duas é pior – se classificou, para orgulho nosso, para alegria do País, de todos nós, para nosso júbilo. Vamos ter, em breve, condições de conhecê-lo – eu já o conheço, já conversei com ele –, condições de cumprimentá-lo quando ele estiver aqui, já que hoje o nosso Senador Eduardo Azeredo apresentou um requerimento, votado e aprovado, por unanimidade, na nossa Comissão de Assuntos Sociais, para trazê-lo aqui. 
O Sr. Magno Malta (Bloco/PR – ES) – Concede-me um aparte? 
O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB – RJ) – Ouço, com muita alegria, o insigne Senador e brilhante orador do Espírito Santo Magno Malta. 
O Sr. Magno Malta (Bloco/PR – ES) – V. Exª disse que não sabe o que é pior, se a deficiência física… 
O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB – RJ) – Ou a social. 
O Sr. Magno Malta (Bloco/PR – ES) – A social. Essa história de deficiência… Quem, de fato, é o deficiente? Acho que deficiente é o inerte, o inoperante, o preguiçoso, o malversador de dinheiro público, aquele que faz vista grossa para a necessidade de seu irmão, o avarento, aquele que junta para si como se fosse levar para o caixão e não enxerga a miséria alheia, aquele que em nada contribui, aquele que nada faz, o parasita. Essa é a pior paralisia. Quem é o deficiente físico? Quem é? Esse menino, para mim, é extremamente normal, é normal na sua anormalidade. Mas essa anormalidade é enxergada por nós que achamos que somos normais. E quem nasce com uma deficiência física pode achar que os anormais somos nós. Eu conheci uma pintora que pintava com os pés porque não tinha os braços. Ao ouvir uma pessoa que estava perto de mim dizer que lhe dava agonia a pessoa não ter os braços, pois ela ficava querendo ajudar, ela disse: “Agonia tenho eu quando vejo você balançando essas duas coisas dependuradas que não sei para que servem”. Ela nunca teve braços. Quem é o anormal? Então, todo mundo é anormal na sua normalidade. Você vai dizer que o sujeito que nasceu cego é anormal? Se ele nunca viu… Acho que isso é muito mal empregado. O cego é que estranha tudo: “Esse pessoal é tudo doido dizendo que está vendo verde, azul. Esse pessoal é maluco. Precisa disso, se você põe a mão e já sabe o que é? Esse pessoal é anormal”. Quem é o anormal? Então, a pior anormalidade não é a física, é a social, a moral, a lesão moral. A honra do homem é seu trabalho. Quem pode produzir trabalho e não produz; quem pode produzir honra e não produz; quem junta dinheiro em celeiro em vez de produzir honra, dando emprego às pessoas; quem se enclausura na sua falsa felicidade, esses são os deficientes, os que podem estender a mão e não estendem. Agora, esse menino é extremamente normal. 
O SR. PRESIDENTE (Valter Pereira. PMDB – MS) – Está expirando o período de vigência desta sessão. Quero prorrogar por mais meia hora, para que os demais oradores possam fazer uso da palavra. 
Solicitamos que seja breve o aparte de V. Exª para que todos os oradores possam usar da palavra. 
O Sr. Magno Malta (Bloco/PR – ES) – Já encerrarei. O Senador Marcelo Crivella, hoje, na reunião, disse que este Senado viverá um momento sublime. Foi isso mesmo? 
O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB – RJ) – Foi.

O Sr. Magno Malta (Bloco/PR – ES) – Esse menino nos dará um momento sublime. O senhor acha que alguém anormal pode produzir sublimidade no coração de alguém? O anormal produz tristeza, angústia, por vê-lo no pedestal da sua vaidade, do seu egocentrismo, quando todos em sua volta necessitam e ele não estende a mão. Esse é o anormal! Agora, este menino vai produzir um momento de sublimidade para nós, pela sua grandeza, do alto da sua grandeza, da sua capacidade. Encerro parabenizando V. Exª por tão brilhante pronunciamento e por questões como esta que V. Exª traz a esta tribuna, que falam ao coração. Não há nada melhor do que isso. Ruim é bater boca por questões que saem da razão e nunca entram no coração. Mas aquilo que começa pelo coração é sempre o que V. Exª traz a esta tribuna, e isso me deixa feliz demais.

O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB – RJ) – Muito obrigado, Senador Magno Malta. V. Exª é um grande parceiro nas causas sociais. 
Eu quero ouvir o Senador Eduardo Azeredo. 
O Sr. Eduardo Azeredo (PSDB – MG) – Senador Marcelo Crivella, V. Exª aprovou conosco esse convite para que o Ricardo Oliveira venha à Comissão de Assuntos Sociais, seja por nós homenageado e possa expor, realmente, sua história como uma referência, como um exemplo. O objetivo é mostrar que uma pessoa com deficiência, como ele, consegue estudar, consegue aprender, mesmo que em condições sociais também extremamente difíceis, como ele as tem. O depoimento de V. Exª, que assistiu, hoje, no Rio, à entrega do prêmio, é muito importante, falando, realmente, da emoção que todos sentiram naquele momento da condecoração.

O drama das pessoas que não têm condições sociais para aprender, que se agrava ainda mais quando elas têm necessidades especiais, isso é algo que deve ficar permanentemente em nossos pensamentos. Precisamos minimizar esse drama. Quero cumprimentar V. Exª por trazer esse tema ao plenário. Que os bons exemplos prosperem e que tenhamos as boas iniciativas bem divulgadas pelo Brasil todo.

O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB – RJ) – Muito obrigado, Senador Eduardo Azeredo. 
Ao concluir, quero elogiar V. Exª também porque, entre os trezentos estudantes mais bem classificados nessa nossa olimpíada, a maior parte era do Estado de Minas Gerais, Estado de onde V. Exª foi Governador, tendo contribuído, certamente, muito para que a educação desses meninos pudesse aflorar nesse prêmio, nessa classificação, nesse destaque que tiveram em uma prova de matemática. 
Sr. Presidente, estou muito agradecido pela generosidade de V. Exª e pelo tempo que me estendeu.