O desentendimento entre o senador Roberto Requião (PMDB-PR) e o repórter da Rádio Bandeirantes Victor Boyadjian, ocorrido durante a sessão plenária do dia 25 de abril, voltou a ser comentado em audiência pública realizada pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa, nesta terça-feira (3/5), sobre atos de violência praticados contra jornalistas. O assunto foi levantado pelo presidente do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, Lincoln Macário.

– Já que o senador Requião não cedeu aos apelos de pedir desculpas ao jornalista, peço a esta Casa que tome providências para que o episódio não volte a ocorrer – reivindicou o sindicalista.

Presente ao debate, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) declarou seu apreço por Requião, “um patrimônio de ética e moral”, e disse repudiar qualquer tipo de agressão contra membros da imprensa.

Wellington Dias (PT-PI) ponderou ser necessário se manter uma atitude de respeito tanto por quem lida com o mundo da comunicação quanto pelo jornalista. Após O presidente da CDH, Paulo Paim (PT-RS), defendeu uma solução para o caso pelo caminho da conciliação e do entendimento.

Um dia após o incidente, o Sindicato dos Jornalistas encaminhou ao presidente do Senado, José Sarney, pedido de aplicação de sanções de advertência e censura contra Requião por ele ter tomado o gravador do repórter da Bandeirantes. Sarney já enviou o processo para manifestação da Advocacia-Geral do Senado.

O presidente do Comitê de Imprensa do Senado, Fábio Marçal, reclamou da recusa da Polícia Legislativa em registrar uma queixa do jornalista contra Requião. Victor Boyadjian foi informado, na ocasião, que a competência para acompanhar o caso era da Corregedoria da Casa, cargo que estava vago naquela ocasião. No dia seguinte, o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) assumiu a função.

– A nossa democracia é jovem e ainda há muito a fazer para se alcançar a liberdade de imprensa. Tenho certeza de que nenhuma providência irá ocorrer nesse episódio – declarou Fábio Marçal.

No dia seguinte ao ocorrido, Requião afirmou, em Plenário, ter retirado o gravador das mãos de Victor Boyadjian não como um ato de censura, mas para evitar uma eventual edição do conteúdo de entrevista sobre o recebimento de aposentadoria como ex-governador do Paraná.

Questionado à época sobre o episódio, o presidente do Senado, José Sarney, disse considerá-lo “um atrito, motivado por problema de temperamento, e não uma agressão à liberdade de imprensa”.

(Agência Senado)