O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB – RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, senhores telespectadores da TV Senado, senhores ouvintes da Rádio Senado, senhores e senhoras presentes neste plenário e que abrilhantam esta sessão, hoje, o pronunciamento do Senador Sarney, lúcido, tranquilo, fez reminiscências históricas que fazem bem à alma nacional e engrandecem esta Casa.
Não votei em V. Exª, Senador Sarney, para este mandato. Votei nos outros, não neste, por comprometimentos partidários. O Vice-Presidente José Alencar, Presidente de honra do meu Partido, consultou o Presidente Lula. Enfim, a Presidente do meu partido me pediu que votasse, naquela ocasião, no Senador Tião Viana, e assumi o compromisso, V. Exª não era o candidato. Mas vejo, hoje, que não haveria um nome melhor para enfrentar à altura a crise na qual estamos mergulhados. Entre nós, 81 Senadores, há vultos. Sou o mais obscuro, o mais anônimo, Senador Sarney. Vim aqui, como um caminhante, que bate à porta de um templo. Sou o mais inexperiente, o mais obscuro e anônimo, mas me atrevo a dizer que a biografia de V. Exª é, sem sombra de dúvida, o maior anteparo que poderia nos resguardar dessas ondas de um mar bravio, de tantas injúrias, de tantos insultos, de tantas calúnias, de tantas infâmias!
É bem verdade que temos erros. E qual a instituição que não os tem? É bem verdade que há coisas a corrigir, e estamos todos dispostos e devotados a cumprir e a fazer a correção. Mas, em meio a isso, quantas injustiças se cometem contra esta Casa e contra líderes desta Casa! Hoje mesmo, de manhã, quando acordei, estava ouvindo a rádio CBN, e lá estava a jornalista Lúcia Hipólito, por quem tenho todo apreço e admiração, levantando a opinião pública, de maneira açodada, contra esta Casa, dizendo que, hoje, S. Exªs iriam votar uma lei que aumentaria a despesa em R$7 bilhões, dizendo que esse aumento no orçamento público seria uma irresponsabilidade, porque aumentaria, em milhares e milhares, o número de Vereadores pelos Municípios brasileiros. Ora, Sr. Presidente Sarney, quem está aqui envolvido com a discussão dessa matéria sabe que isso é matéria vencida na Câmara. Foram eles que não aumentaram, mas votaram o número que o Supremo Tribunal Federal (STF) havia cortado de maneira ilegítima.
Aliás, lembro aqui um santo do séc. X, chamado Santo Ambrósio, que dizia o seguinte: “O palácio pertence ao rei, mas a igreja, ao sacerdote”. Em outras palavras, “cada macaco no seu galho”. Quando o Supremo legisla sem receber a pressão que recebemos nas comissões, nos corredores, sem receber todas as instituições, faz uma lei perfeita: diminui os Vereadores, sem cortar despesas. E as Câmaras Municipais estavam fazendo uma série de atos que não lhes competia, inclusive no que dizia respeito a restaurante popular. Para corrigir isso, estamos, ao contrário do que foi noticiado hoje de manhã, cortando recursos. Estamos aumentando o número de Vereadores, porque, como sabe V. Exª, com a experiência e a vida pública que tem, todo poder social, todo poder político, todo poder econômico e religioso, quanto mais for dividido, mais legítimo e mais forte será. O poder concentrado nas mãos de poucos sempre vai se extravasar na intolerância, na truculência e, muitas vezes, na tirania e no sangue.
V. Exª é um democrata. Vim aqui hoje para o aplaudir. O ideal que me acalenta, o propósito que me anima é apenas o de dizer que o discurso de V. Exª foi épico. Temos muito a corrigir. Há aqui funcionários com salários enormes, mas não sei se a legislação permite correção. Alguém disse que são seis mil servidores. Será que podemos demiti-los, muitos concursados? Será que podemos reduzir salários? A lei permite isso? Certamente, no que for permitido, Sr. Presidente, confio na direção segura, calma, serena de V. Exª. Apenas extravaso aqui meus sentimentos, Sr. Presidente.
Já concluo, dizendo que, hoje mesmo, na Folha de S.Paulo, sai a notícia de que um ato secreto nomeou minha filha para o gabinete do Senador Lobão. Nunca trabalhou no Senado Federal, nunca entregou uma carteira, uma cédula de identidade. Houve um convite que ela rejeitou. Portanto, o ato não se concretizou, e, por uma dessas armadilhas do destino, na mesma ocasião, havia um funcionário do Prodasen – que não é parente do Sarney, que não é parente do Lobão, que não trabalhava no gabinete do Lobão, mas que era do Prodasen, como é até hoje – que convidei. Bastou isso para que houvesse uma insinuação maldosa, de jornal, de que havia, naquela ocasião, interesse meu em nomear um parente dele no meu gabinete e em nomear minha filha no gabinete dele. Isso nunca me passou pela cabeça, isso não é realidade, não é verdade, mas sai no jornal, nesse dilúvio de ódios, de paixões, de injúrias, de insultos, de calúnias.
Olha, se forem ver, os cargos no meu gabinete nunca estiveram completos. Sempre estive à procura de um funcionário. Até hoje, neste momento, há vagas no meu gabinete. As vagas nunca estiveram todas completas. Naquela ocasião, nem se discutia nepotismo. Isso, depois, foi feito com o Conselho Nacional de Justiça, que votamos nesta Casa. Mas tenho de amargar mais uma dessas denúncias. Não foi a primeira e não será a última. É o peso que devemos carregar todos nós, brasileiros, que, neste mundo, resolvemos nos engrandecer servindo ao povo.
Sr. Presidente Sarney, que lindo discurso! Vamos tomar as medidas, vamos votar as leis e seguir em frente!