O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB – RJ. Como Líder. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, senhores telespectadores da TV Senado, senhores ouvintes da Rádio Senado, senhoras e senhores presentes ao nosso plenário, é rápida a minha comunicação.
O Estado do Rio de Janeiro vive dias terríveis por conta da violência. Durante a campanha para o Governo do Rio, todos os candidatos, de certa forma, divergiam, quando se tratava de como resolver os problemas de segurança do Rio, mas tinham um ponto em comum: achavam que era contraproducente a presença de tropas estaduais ou federais subindo o morro em tiroteios, onde as pessoas moram; balas perdidas, de fuzis e de metralhadoras, que têm alcances longos, que saem a 600 m/s, capazes até de atravessar uma porta ou uma janela e matarem uma criança inocente que esteja dormindo na cama – fatos que já ocorreram. Mas todos, como eu disse, tinham uma proposta em comum: esse assunto devia ser tratado com ações de inteligência, com elementos infiltrados nas mais de 700 comunidades carentes, que, hoje, no meu Estado, vivem comandadas pelo narcotráfico.
Agora, Sr. Presidente, chega a nosso conhecimento e às páginas dos jornais uma ação importante do Governo Federal, do Governo do Presidente Lula: a criação de um centro de inteligência, compartilhado com a Polícia Federal, com a Marinha, com o Exército, com a Aeronáutica, com a Polícia Rodoviária Federal, com a Polícia Rodoviária Estadual, com a Polícia Civil do meu Estado, com a Polícia Militar e com a Abin. Portanto, serão nove órgãos, dos mais importantes, que terão recursos e local para trabalhar. Esta semana já será feita a licitação de um prédio para eles. O valor da licitação será de R$9 milhões. Eles vão comprar equipamentos de informática, vão comprar equipamentos que se ligam com satélites para localização geodésica de investigados e, também, com o auxílio de equipamentos de ponta vindos de Israel, de polícias internacionais, vão poder grampear telefonemas. Tudo isso, claro, com prévia autorização da Justiça. Vamos também criar algo que nós, do Estado do Rio de Janeiro, já pedimos há muito tempo: um banco de voz. As vozes de todas as pessoas envolvidas no crime organizado, sejam desembargadores, sejam políticos – infelizmente, na nossa classe também existe isso –, sejam empresários, poderão ser gravadas em um banco de dados, para facilitar a identificação em casos de crime. Vamos ter acesso também, nesse supercentro de investigação, a todas as contas bancárias, ao cruzamento de CPFs, a impressões digitais e a processos judiciais. Só na Região Sudeste, esse supercentro de investigação estará ligado a 300 centros de inteligência da Região Sudeste.
Sr. Presidente, isso é um grande avanço para meu Estado, isso é uma luz no fim do túnel. Sabemos que aqueles meninos são vítimas do “narcovarejo” das drogas, e que a mão do Estado é pesada. Quando esses meninos são presos, ele são lançados em presídios medievais, onde são barbarizados, vegetam e muitos ficam detidos até mesmo depois de cumprir a pena. É claro que, no caso dos crimes hediondos, os criminosos devem permanecer presos. Mesmo aqueles com idade abaixo de 18 anos, devem cumprir pena na instituição Padre Severino até completarem os 18 anos; depois, devem ser encaminhados ao presídio, para cumprir o restante da pena. Se cometerem crimes hediondos e se forem condenados a 10 ou 15 anos, devem cumprir pena até o último dia, sem direito à progressividade.
Mas é muito mais importante pegarmos os “tubarões”, aqueles que colocam na linha de frente meninos inocentes, que ganham R$ 200,00 ou R$ 300,00 para ariscar a vida. E o grande lucro do narcotráfico fica com os organizadores, com os financiadores, com os transportadores. Isso tudo vem do Peru, da Colômbia e da Bolívia. Tráfico aéreo, Sr. Presidente, tráfico de aeronaves! E esses meninos acabam pagando o pato de toda essa tragédia.
Agora, vamos começar a agir na raiz do problema; vamos agir também na lavagem do dinheiro.
(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)
O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB – RJ) – já vou concluir, Sr. Presidente –, SE não puder, depois, lavar esse dinheiro, transformando-o em ações, em propriedades, em compra de ouro, em compra de imóveis, ou mesmo capitalizá-lo no exterior, em paraísos fiscais.
De tal maneira, Sr. Presidente, que hoje venho celebrar, em nome do povo do Rio de Janeiro, como fluminense, como carioca, esta grande medida: o primeiro centro de inteligência integrado, compartilhado, de combate ao crime organizado, no coração da Polícia Federal do meu Estado, perto da Praça Mauá. Peço a Deus que essas obras se concluam rapidamente e que esses agentes valorosos consigam-nos ajudar a diminuir a dor do povo do meu Estado.
Muito obrigado, Sr. Presidente.