O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB – RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srs. telespectadores da TV Senado e ouvintes da Rádio Senado, que minhas primeiras palavras sejam para também me solidarizar com o voto de pesar apresentado pelo Presidente José Sarney à nossa Ministra Presidente do Supremo Tribunal Federal.
Há um versículo na Bíblia, uma palavra no Livro dos Salmos, que diz que aqueles que semeiam com lágrimas colherão com alegria. Essa palavra se cumpriu ontem, no que diz respeito à minha vida. Há um ano, estive em Belo Horizonte – terra de V. Exª – em um momento triste, eu diria dramático. Pousava no aeroporto de Confins um avião fretado pelo governo americano repleto de emigrantes ilegais. Eram brasileiros humildes que haviam sido presos atravessando a fronteira americana no Texas, na Califórnia, no Arizona, em busca de uma vida melhor. Gente simples, gente do povo, honesta, trabalhadora, mas mal orientada. Voltavam frustrados, tristes, aborrecidos. Alguns tinham vendido o pouco que tinham, e tudo que conseguiram foi uma temporada de quatro, cinco, seis meses naquelas prisões frias, onde eram tratados como criminosos.
Mas, ontem, na tarde chuvosa daquela capital sertaneja que Juscelino Kubitscheck de Oliveira, o garimpeiro de Diamantina, transformou, de uma capital então tão obscura – Tancredo dizia que era de um cascalho duro, informe – em uma beleza, uma capital extraordinária, com a remodelação da Pampulha, da Capelinha, enfim, em uma das belezas de Minas Gerais, de Belo Horizonte, lá que é o epicentro da tradição brasileira, Minas Gerais, terra da boa política. Ontem, no Palácio das Artes, eu tive a oportunidade de receber duas das mais importantes comendas da vida pública brasileira: a Medalha Juscelino Kubitscheck de Oliveira, sempre dada em Diamantina, mas ontem, de maneira excepcional, eu a recebi das mãos do Exmo Sr. Vice-Governador, já que, no dia da medalha, não pude comparecer a Diamantina em razão de uma sessão no plenário do Senado Federal; e outra medalha – e ontem foi o dia certo de recebê-la –, a do Mérito Legislativo, que recebi por indicação do nosso bravo Deputado Vanderlei Jangrossi, do PP, que, com muita generosidade, me indicou pelo trabalho que pude prestar ao povo brasileiro, em especial ao povo de Minas Gerais, sobretudo do Vale do Rio Doce, da região de Governador Valadares, de Ipatinga, de Timóteo, já que muitos estavam, na ocasião, detidos nos desertos americanos, na fronteira com o México.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, foi, portanto, um dia inesquecível na vida de quem se dedica a servir o povo. Momentos de emoção, momentos fugazes. A sociedade mineira se reuniu. O orador oficial, e também laureado, Francisco Dornelles, fez uma retrospectiva histórica do Brasil desde aquelas páginas encantadoras de beleza e de heroísmo dos missionários que aqui chegaram no século XVI, passando por São João Del Rey, passando por aquilo que lhe toca mais, a vida de Tancredo, seu tio, dos momentos que viveu nesta República.
Sr. Presidente, tudo isso foi uma moldura extraordinária das virtudes da vida política mineira, que quero aqui ressaltar, sublinhar, enaltecer e dizer da minha honra e da minha dignidade como Senador do Rio de Janeiro, mas também criado em Minas Gerais, onde passei boa parte da minha vida.
Minas Gerais possui 853 Municípios. O menor deles é o Município de Simão Pereira, na Zona da Mata, na divisa com o Rio de Janeiro, onde passei grande parte de minha infância. Portanto, eu me considero – e minha família toda é de lá – como uma parte dessa mineirice, dessa tradição, desse culto aos valores perenes da Pátria, da nossa história. Enfim, desses momentos cívicos que passamos juntos quando nos reunimos para relembrar fatos da vida pública que marcaram nossa trajetória, a trajetória de cada um, e que é, em ocasiões como essa, celebrada também com todos aqueles profissionais, médicos, engenheiros, arquitetos, que, ontem, estavam reunidos, representando, eu diria, uma das melhores partes da sociedade mineira naquele palácio tão bonito, em que uma noite fria acabou se transformando em uma noite tão agradável.
Na verdade, o frio estava só do lado de fora, porque, dentro, aquela maneira acolhedora de o povo mineiro receber os que lhe visitam torna a noite mais fria em uma noite muito agradável, eu diria mesmo inesquecível.
Sr. Presidente, eu não poderia, seria um pecado imperdoável se eu hoje não ocupasse a tribuna para agradecer, como disse, penhoradamente, à política de Minas Gerais, ao Governador Aécio Neves e ao meu companheiro, o Deputado Vanderlei Jangrossi, do Partido Progressista, que me indicou para a Medalha da Ordem do Mérito Legislativo na Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais.
Agradeço a V. Exª a generosidade do tempo que me concedeu – nem o ocupei todo. Quem dera o Senador Mão Santa tivesse a mesma índole, a mesma vocação de poder se expressar e extravasar dentro do tempo que lhe é concedido.
Sr. Presidente, minhas saudações e meus agradecimentos ao povo de Minas Gerais.
Muito obrigado.