O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB – RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, sua presença aqui hoje abrilhanta, engrandece esta sessão, como Presidente do Congresso Nacional, Presidente José Sarney.
Quero saudar também a Senadora Ana Amélia, sempre tão lúcida, sempre tão ilustrada, ocupando esta tribuna e mostrando não só toda beleza, toda ternura da alma feminina, mas também a cultura e as resistências morais da mulher brasileira para orgulho nosso. E ao meu companheiro do Amapá, que foi tão gentil, Geovani Borges.
Quero saudar também a Srª Embaixadora da Filipina, Srª Eva Betita, augurar a senhora dos nossos mais efusivos votos de que a tempestade, o furacão que atinge o seu país possa trazer o mínimo de danos e que aquele povo trabalhador, humilde, possa reconstruir as perdas. Seja bem-vinda entre nós.
Quero também saudar o Embaixador de Cuba, Sr. Carlos Zamora. Quero saudar o Presidente do Conselho de Administração da Empresa Jornalística Econômica (Ejesa) e Editora do jornal O Dia, Srª Maria Alexandra Mascarenhas Vasconcellos, muito obrigado pela sua presença, o seu investimento no meu Estado, o Rio de Janeiro, é para nós muito importante.
Quero saudar também o meu companheiro Alexandre Freeland, que tem sido um grande batalhador naquele jornal, enfrentado a empresa do porte de O Globo, que não só tem um jornal de muitas décadas no Estado do Rio de Janeiro, um jornal tradicional, mas também tem televisão, rádios importantes, revistas; é um império. Mas vocês, como Davi, que tinha apenas a funda para enfrentar o Golias, continuam no coração do povo do Rio de Janeiro.
O trabalho do jornal O Dia é muito mais só o de informar, porque a minha cidade, Ana Amélia, a cidade do Rio de Janeiro não é uma só, são duas, duas irmãs siamesas e, eu diria, infelizmente, monstruosas. De um lado, tem-se um Rio muito culto, bonito, um Rio que viaja, um Rio que se educa, um Rio do lazer, um Rio das praias, dos condomínios, das lan houses, dos shoppings, um Rio que não fica a dever em nada a Milão, a Nova York, a Paris, a Los Angeles. Agora, a uma distância constrangedora, há também uma imensa parcela da nossa população vivendo abaixo da linha da dignidade humana, crianças em barracos, em favelas, no meio de ratos.
E o jornal O Dia é, de uma maneira misteriosa, alguma coisa que une essas duas cidades, porque, com a sua linguagem, com seu dia a dia, com os seus colunistas, com as suas reportagens, de repente, parece que o leitor de O Dia acaba sendo envolvido nessa atmosfera da informação, do entretenimento, da cidade, do encanto, e as nossas diferenças se tornam pequenas.
Eu admiro muito o jornal O Dia. Não pude estar naquela ocasião. Mas, agora de manhã, eu estava na reunião com a Presidenta Dilma. A Presidenta Dilma está preocupada porque a crise internacional acentua-se e ela está convencida de que o Brasil, para não sofrer os efeitos dessa crise, precisa fazer um esforço para manter o seu equilíbrio fiscal. Então, ela reuniu a base do Governo para avisar que vai subir o superávit primário, mas vai subi-lo exatamente para a gente abaixar os juros, para a gente poder atrair capitais não especulativos e manter o investimento, a garantia do trabalho, os programas sociais, essas obras que estão mudando o Brasil e que começaram no governo do glorioso Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Então, eu disse a ela que teria que sair para vir a esta homenagem, e ela disse: “Então, por favor, você reitere, eu estive no Rio de Janeiro, mas você reitere o meu apreço, a minha admiração a esse grande jornal. E parabéns ao Congresso por homenageá-lo”.
É interessante que políticos tenham tanto apreço por um jornal, porque normalmente políticos têm é mágoa de jornais. Mas aqui é diferente, o jornal O Dia, embora crítico, não deixando de cumprir a sua missão, não é promotor do ódio gratuito; aqueles jornalistas que muitas vezes se movem apenas pelo rancor da notícia, que deve ser dada – a notícia da corrupção política nos horroriza a todos –, mas deve ser sempre tratada com pesar. Em algumas editorias, parece que ela é tratada com uma orgia, numa alegria neurótica, num júbilo enlouquecido, ensandecido, e, quando termina um escândalo, buscam logo outro e, muitas vezes, nem apuram. Nesse dilúvio, meu Deus do céu, de ódios, às vezes, acabam cometendo injustiças tão graves contra homens públicos que dedicaram a sua vida às nossas instituições e que sofrem com suas famílias.
Pois bem, o jornal O Dia é diferente. As suas críticas têm por objetivo aperfeiçoar a nossa vida democrática. O jornal O Dia é um jornal de informação. O jornal O Dia trata da cidade como ela é, da alma carioca, da alma do Rio, do Estado do Rio de Janeiro. O jornal O Dia é uma leitura gostosa, ela nos enternece nas suas cores, muitas vezes, nas nossas mazelas, na nossa violência, nos acidentes, nos crimes que, infelizmente, são contingências inevitáveis nos nossos processos de evolução social, mas, ainda assim, na página seguinte, tem-se a foto dos nossos eventos, dos nossos shows, das nossas praias, das coisas curiosas que acontecem no Rio. E essa alma carioca, essa coisa do jornal O Dia já vem desde 1951, com Chagas Freitas, que foi, primeiro, Deputado Federal e, depois, Governador do Estado do Rio de Janeiro, e uma das lideranças políticas mais influentes nos anos 60 a 80. O Dia consta de uma lista de poucos jornais longevos do País.
Pois bem. Hoje, tem uma média diária de 60 mil exemplares, acompanha as tendências dos periódicos mais destacados do País e também mantém versão digital em seu portal, belíssima. Tenho certeza de que milhões de pessoas visitam O Dia, sou um habitué desse portal, cuja arquitetura é muito clara, é cativante, são bonitas suas cores, suas páginas. Além disso, tem também o grupo o jornal Meia Hora, que é leitura obrigatória dessas classes D e E, que, agora, estão pulando para a C, desses brasileiros que, agora, estão tendo recurso e tempo para se informar, para conhecer melhor a nossa terra, e eles lêem o jornal Meia Hora, campeão de vendas no Rio de Janeiro.
Mas ainda tem a TV O Dia e tem também a rádio, que é primeiro lugar, a FM O Dia. Ela é muito ouvida no Rio de Janeiro. Seus eventos são um sucesso! Ela é ouvida nos carros, pelos meninos motoboys, nos táxis, nas casas. A FM O Dia é, disparada, a primeira rádio em audiência e ela está, realmente, no coração do povo do Rio de Janeiro. Além disso, há uma agência de notícias e o Instituto Ary Carvalho.
E quando me refiro a Ary Carvalho, lembro-me com pesar de uma manhã como esta, talvez neste horário mesmo, 11h57, ele, que era um carioca de Ipanema, um homem que gostava tanto da nossa música, da rotina do Rio, da alma, da idiossincrasia carioca, num acidente em casa, num acidente doméstico, fere seu nariz, é socorrido na Beneficência Portuguesa, mas, para nossa tragédia, para nossa tristeza, ele acaba falecendo, afogado com o próprio sangue. Que coisa dolorosa ocorreu naquele momento, deixando suas filhas e sua esposa e o povo do Rio de Janeiro com o coração estraçalhado de saudade e com imensa gratidão pelo seu esforço.
Com ele, O Dia cresceu muito. O Dia chegou, nos áureos momentos, a disputar o primeiro lugar em vendagem no Rio de Janeiro. Ary ampliou suas rotativas, sua gráfica enorme, imensa, na região de Benfica, seu prédio no centro da cidade. O povo do Rio de Janeiro podia constatar e ver que ali estava um jornalista presente, atuante, inteligente, dos maiores do seu tempo. E, como eu disse, sempre enfrentando um grande adversário, um dos maiores jornais do País, que é o jornal O Globo, que tem também, instrumentalizando suas vendas, uma televisão que é a primeira do País.
O Dia, então, surge na época de ouro do jornalismo impresso, naqueles dias de junho de 51, quando o jornal lançava suas primeiras edições. A Guerra da Coreia, um dos episódios mais tensos da Guerra Fria, ocupava o noticiário. Getúlio Vargas, que estava em seu primeiro ano de governo, montava a base política no Parlamento, assentada na coligação PTB-PSD-PSP, e o Censo de 50 anunciava que a população brasileira alcançara mais de 52 milhões de habitantes, cada vez mais concentrados nas cidades, como disse a ilustre dama Ana Amélia.
O Brasil ensaiava a consolidação do regime democrático após a ditadura do Estado Novo, que se notabilizara, entre outros feitos, por estabelecer um regime de completa restrição da liberdade de imprensa. A atuação do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) e o estabelecimento de autorização para circulação de publicações impuseram forte controle dos meios de comunicação. Assim, quando as liberdades democráticas se restabeleceram, após a queda da ditadura varguista, a liberdade de imprensa surgiu como seu sucedâneo natural.
Todos esses fatores contribuíram para que os anos de 1945-1964 fossem considerados a época de ouro do jornal impresso no Brasil. De acordo com levantamento da agência de publicidade J.Walter Thompson, em 1952 estavam em atividade 230 jornais, com uma circulação total de 5,75 milhões de exemplares. O rádio desfrutava de enorme audiência, a televisão estava em seus primórdios, porém, o jornal impresso era o veículo formador de opinião por excelência.
Nesse ambiente de experimentação democrática surgiu O Dia. Para Alberto Dines, o jornal “é o fragmento da história e da memória de um país”. Nada mais verdadeiro para o periódico carioca, que acompanhou todos os grandes fatos da história nacional, repercutidos e noticiados em suas páginas. É um patrimônio da cultura do Rio de Janeiro, mas que se extravasa para todo o Brasil.
Um dos jornais mais populares do Brasil, O Dia, refletia o Brasil a partir de mirada particular, a do Rio de Janeiro. O Dia estabeleceu-se no cotidiano carioca do café da manhã à mesa dos restaurantes. Comercializados a preços inferiores aos da concorrência, quem o adquiria era o público mais humilde, com absoluto e refutável sucesso nas escadarias da Central do Brasil, que concentrava o fluxo de habitantes vindos dos subúrbios distantes do Rio.
Definido como jornal popular de notícias do dia a dia, alterou sua linha editorial em tempos recentes, transformando-se em jornal de excelente nível, sem perder sua raiz e sua vinculação com as classes mais populares.
Comemorar o aniversário desse importante veículo de comunicação é também comemorar a liberdade de Imprensa.
Machado de Assis deixou-nos esta frase:
Quero saudar também a Senadora Ana Amélia, sempre tão lúcida, sempre tão ilustrada, ocupando esta tribuna e mostrando não só toda beleza, toda ternura da alma feminina, mas também a cultura e as resistências morais da mulher brasileira para orgulho nosso. E ao meu companheiro do Amapá, que foi tão gentil, Geovani Borges.
Quero saudar também a Srª Embaixadora da Filipina, Srª Eva Betita, augurar a senhora dos nossos mais efusivos votos de que a tempestade, o furacão que atinge o seu país possa trazer o mínimo de danos e que aquele povo trabalhador, humilde, possa reconstruir as perdas. Seja bem-vinda entre nós.
Quero também saudar o Embaixador de Cuba, Sr. Carlos Zamora. Quero saudar o Presidente do Conselho de Administração da Empresa Jornalística Econômica (Ejesa) e Editora do jornal O Dia, Srª Maria Alexandra Mascarenhas Vasconcellos, muito obrigado pela sua presença, o seu investimento no meu Estado, o Rio de Janeiro, é para nós muito importante.
Quero saudar também o meu companheiro Alexandre Freeland, que tem sido um grande batalhador naquele jornal, enfrentado a empresa do porte de O Globo, que não só tem um jornal de muitas décadas no Estado do Rio de Janeiro, um jornal tradicional, mas também tem televisão, rádios importantes, revistas; é um império. Mas vocês, como Davi, que tinha apenas a funda para enfrentar o Golias, continuam no coração do povo do Rio de Janeiro.
O trabalho do jornal O Dia é muito mais só o de informar, porque a minha cidade, Ana Amélia, a cidade do Rio de Janeiro não é uma só, são duas, duas irmãs siamesas e, eu diria, infelizmente, monstruosas. De um lado, tem-se um Rio muito culto, bonito, um Rio que viaja, um Rio que se educa, um Rio do lazer, um Rio das praias, dos condomínios, das lan houses, dos shoppings, um Rio que não fica a dever em nada a Milão, a Nova York, a Paris, a Los Angeles. Agora, a uma distância constrangedora, há também uma imensa parcela da nossa população vivendo abaixo da linha da dignidade humana, crianças em barracos, em favelas, no meio de ratos.
E o jornal O Dia é, de uma maneira misteriosa, alguma coisa que une essas duas cidades, porque, com a sua linguagem, com seu dia a dia, com os seus colunistas, com as suas reportagens, de repente, parece que o leitor de O Dia acaba sendo envolvido nessa atmosfera da informação, do entretenimento, da cidade, do encanto, e as nossas diferenças se tornam pequenas.
Eu admiro muito o jornal O Dia. Não pude estar naquela ocasião. Mas, agora de manhã, eu estava na reunião com a Presidenta Dilma. A Presidenta Dilma está preocupada porque a crise internacional acentua-se e ela está convencida de que o Brasil, para não sofrer os efeitos dessa crise, precisa fazer um esforço para manter o seu equilíbrio fiscal. Então, ela reuniu a base do Governo para avisar que vai subir o superávit primário, mas vai subi-lo exatamente para a gente abaixar os juros, para a gente poder atrair capitais não especulativos e manter o investimento, a garantia do trabalho, os programas sociais, essas obras que estão mudando o Brasil e que começaram no governo do glorioso Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Então, eu disse a ela que teria que sair para vir a esta homenagem, e ela disse: “Então, por favor, você reitere, eu estive no Rio de Janeiro, mas você reitere o meu apreço, a minha admiração a esse grande jornal. E parabéns ao Congresso por homenageá-lo”.
É interessante que políticos tenham tanto apreço por um jornal, porque normalmente políticos têm é mágoa de jornais. Mas aqui é diferente, o jornal O Dia, embora crítico, não deixando de cumprir a sua missão, não é promotor do ódio gratuito; aqueles jornalistas que muitas vezes se movem apenas pelo rancor da notícia, que deve ser dada – a notícia da corrupção política nos horroriza a todos –, mas deve ser sempre tratada com pesar. Em algumas editorias, parece que ela é tratada com uma orgia, numa alegria neurótica, num júbilo enlouquecido, ensandecido, e, quando termina um escândalo, buscam logo outro e, muitas vezes, nem apuram. Nesse dilúvio, meu Deus do céu, de ódios, às vezes, acabam cometendo injustiças tão graves contra homens públicos que dedicaram a sua vida às nossas instituições e que sofrem com suas famílias.
Pois bem, o jornal O Dia é diferente. As suas críticas têm por objetivo aperfeiçoar a nossa vida democrática. O jornal O Dia é um jornal de informação. O jornal O Dia trata da cidade como ela é, da alma carioca, da alma do Rio, do Estado do Rio de Janeiro. O jornal O Dia é uma leitura gostosa, ela nos enternece nas suas cores, muitas vezes, nas nossas mazelas, na nossa violência, nos acidentes, nos crimes que, infelizmente, são contingências inevitáveis nos nossos processos de evolução social, mas, ainda assim, na página seguinte, tem-se a foto dos nossos eventos, dos nossos shows, das nossas praias, das coisas curiosas que acontecem no Rio. E essa alma carioca, essa coisa do jornal O Dia já vem desde 1951, com Chagas Freitas, que foi, primeiro, Deputado Federal e, depois, Governador do Estado do Rio de Janeiro, e uma das lideranças políticas mais influentes nos anos 60 a 80. O Dia consta de uma lista de poucos jornais longevos do País.
Pois bem. Hoje, tem uma média diária de 60 mil exemplares, acompanha as tendências dos periódicos mais destacados do País e também mantém versão digital em seu portal, belíssima. Tenho certeza de que milhões de pessoas visitam O Dia, sou um habitué desse portal, cuja arquitetura é muito clara, é cativante, são bonitas suas cores, suas páginas. Além disso, tem também o grupo o jornal Meia Hora, que é leitura obrigatória dessas classes D e E, que, agora, estão pulando para a C, desses brasileiros que, agora, estão tendo recurso e tempo para se informar, para conhecer melhor a nossa terra, e eles lêem o jornal Meia Hora, campeão de vendas no Rio de Janeiro.
Mas ainda tem a TV O Dia e tem também a rádio, que é primeiro lugar, a FM O Dia. Ela é muito ouvida no Rio de Janeiro. Seus eventos são um sucesso! Ela é ouvida nos carros, pelos meninos motoboys, nos táxis, nas casas. A FM O Dia é, disparada, a primeira rádio em audiência e ela está, realmente, no coração do povo do Rio de Janeiro. Além disso, há uma agência de notícias e o Instituto Ary Carvalho.
E quando me refiro a Ary Carvalho, lembro-me com pesar de uma manhã como esta, talvez neste horário mesmo, 11h57, ele, que era um carioca de Ipanema, um homem que gostava tanto da nossa música, da rotina do Rio, da alma, da idiossincrasia carioca, num acidente em casa, num acidente doméstico, fere seu nariz, é socorrido na Beneficência Portuguesa, mas, para nossa tragédia, para nossa tristeza, ele acaba falecendo, afogado com o próprio sangue. Que coisa dolorosa ocorreu naquele momento, deixando suas filhas e sua esposa e o povo do Rio de Janeiro com o coração estraçalhado de saudade e com imensa gratidão pelo seu esforço.
Com ele, O Dia cresceu muito. O Dia chegou, nos áureos momentos, a disputar o primeiro lugar em vendagem no Rio de Janeiro. Ary ampliou suas rotativas, sua gráfica enorme, imensa, na região de Benfica, seu prédio no centro da cidade. O povo do Rio de Janeiro podia constatar e ver que ali estava um jornalista presente, atuante, inteligente, dos maiores do seu tempo. E, como eu disse, sempre enfrentando um grande adversário, um dos maiores jornais do País, que é o jornal O Globo, que tem também, instrumentalizando suas vendas, uma televisão que é a primeira do País.
O Dia, então, surge na época de ouro do jornalismo impresso, naqueles dias de junho de 51, quando o jornal lançava suas primeiras edições. A Guerra da Coreia, um dos episódios mais tensos da Guerra Fria, ocupava o noticiário. Getúlio Vargas, que estava em seu primeiro ano de governo, montava a base política no Parlamento, assentada na coligação PTB-PSD-PSP, e o Censo de 50 anunciava que a população brasileira alcançara mais de 52 milhões de habitantes, cada vez mais concentrados nas cidades, como disse a ilustre dama Ana Amélia.
O Brasil ensaiava a consolidação do regime democrático após a ditadura do Estado Novo, que se notabilizara, entre outros feitos, por estabelecer um regime de completa restrição da liberdade de imprensa. A atuação do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) e o estabelecimento de autorização para circulação de publicações impuseram forte controle dos meios de comunicação. Assim, quando as liberdades democráticas se restabeleceram, após a queda da ditadura varguista, a liberdade de imprensa surgiu como seu sucedâneo natural.
Todos esses fatores contribuíram para que os anos de 1945-1964 fossem considerados a época de ouro do jornal impresso no Brasil. De acordo com levantamento da agência de publicidade J.Walter Thompson, em 1952 estavam em atividade 230 jornais, com uma circulação total de 5,75 milhões de exemplares. O rádio desfrutava de enorme audiência, a televisão estava em seus primórdios, porém, o jornal impresso era o veículo formador de opinião por excelência.
Nesse ambiente de experimentação democrática surgiu O Dia. Para Alberto Dines, o jornal “é o fragmento da história e da memória de um país”. Nada mais verdadeiro para o periódico carioca, que acompanhou todos os grandes fatos da história nacional, repercutidos e noticiados em suas páginas. É um patrimônio da cultura do Rio de Janeiro, mas que se extravasa para todo o Brasil.
Um dos jornais mais populares do Brasil, O Dia, refletia o Brasil a partir de mirada particular, a do Rio de Janeiro. O Dia estabeleceu-se no cotidiano carioca do café da manhã à mesa dos restaurantes. Comercializados a preços inferiores aos da concorrência, quem o adquiria era o público mais humilde, com absoluto e refutável sucesso nas escadarias da Central do Brasil, que concentrava o fluxo de habitantes vindos dos subúrbios distantes do Rio.
Definido como jornal popular de notícias do dia a dia, alterou sua linha editorial em tempos recentes, transformando-se em jornal de excelente nível, sem perder sua raiz e sua vinculação com as classes mais populares.
Comemorar o aniversário desse importante veículo de comunicação é também comemorar a liberdade de Imprensa.
Machado de Assis deixou-nos esta frase:
O jornal é a verdadeira forma da república do pensamento. É a locomotiva intelectual em viagem para mundos desconhecidos, é a literatura comum, universal altamente democrática, reproduzida todos os dias, levando em si a frescura das ideias e o fogo das convicções.
Como carioca, eu não poderia deixar de prestar esse tributo, em nome do povo da minha terra, a um jornal que faz parte não só da nossa história, mas do nosso cotidiano. Nós não saberíamos se teria nossas vidas o mesmo encanto no futuro se não tivéssemos, sempre a nossa disposição, o jornal O Dia para lermos as coisas de nossa cidade e de nosso Estado. Que O Dia continue com essa nobre missão e que possamos voltar a esta tribuna outras vezes para comemorar o sucesso desse veículo que tanto se identifica com o viver do Rio de Janeiro.
Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.)