O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB – RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, senhores telespectadores da TV Senado, senhores ouvintes da Rádio Senado, amigos e convidados que hoje nos honram com suas presenças, Senador Geraldo Mesquita, eu gostaria primeiramente de parabenizar V. Exª por essa feliz iniciativa de trazer a esta Casa o aniversário centenário de uma entidade com tão bons serviços prestados ao nosso povo.
Quero saudar também o Sr. 3º Secretário da Mesa, Senador Mão Santa, e, em especial, o Sr. Luiz Fernando Hernandez, Presidente nacional da Cruz Vermelha. Quero citar também o Sr. Eimar de Araújo, que é Contra-Almirante e Vice-Presidente nacional da Cruz Vermelha Brasileira, e o Sr. Flávio Marcos Tolomelli, que vem lá da minha terra, Volta Redonda, onde, com muito sacrifício e denodo tem prestado auxílio inclusive às vítimas de Santa Catarina.
Sr. Presidente, senhores telespectadores, no momento em que comemoramos a destacada operação humanitária realizada pela Cruz Vermelha Internacional, com apoio do Governo brasileiro, que resgatou seis reféns das Farcs, temos a felicidade de celebrar os 100 anos de surgimento da Cruz Vermelha Brasileira, fundada em 5 de dezembro de 1908, na minha terra, na minha cidade, no Rio de Janeiro.
A organização nasceu a partir da inspiração trazida pela fundação da Cruz Vermelha Internacional, na década de sessenta do século retrasado, o século XIX. Em princípio, tal qual a instituição original, fundada na Suíça, tinha como foco principal o auxílio aos feridos nos campos de batalha.
Como aqui foi dito, ela foi fundada por um ilustre brasileiro, Oswaldo Cruz.
A entidade se consolidou muito rapidamente e já em 1916 criava a Escola Prática de Enfermagem.
Pouco depois, com a deflagração da Primeira Guerra Mundial, houve a expansão de filiais para outras cidades além do Rio de Janeiro, então capital da República.
Em 1919, já havia dezesseis filiais espalhadas por nosso País!
As atividades da organização logo se ampliaram além de seu escopo inicial, voltado para a atenção aos feridos em campos de combate. Em 1918, por exemplo, grassava a terrível gripe espanhola, que matou mais pessoas do que a Primeira Guerra Mundial. No combate à doença, a Cruz Vermelha Brasileira teve papel destacado, não se abstendo de agir mesmo quando alguns de seus membros faleceram em decorrência daquela epidemia.
Nas décadas seguintes, continua a agir em duas frentes. A primeira, aquela sua original, de atender os feridos em guerra, como fez durante a Segunda Guerra Mundial; a segunda, quando ajudou a enfrentar doenças como a tuberculose.
Em tempos mais recentes, tem atuado de maneira bastante destacada na ajuda às vitimas de calamidades naturais. Nos anos 80, por exemplo, lançou campanha chamada “Faça chover no Nordeste”, destinada a obter alimentos e doações em dinheiro para desvalidos daquela região do Brasil.
Ainda na década de 80, lançou campanhas em favor de milhares de atingidos pelas chuvas na Bahia, Minas Gerais e Maranhão.
Nos anos seguintes, campanhas semelhantes se repetiriam, prova cabal da presença marcante da Cruz Vermelha Brasileira no dia-a-dia do nosso povo, em especial aquele mais sofrido.
No despertar do século XXI, a Cruz Vermelha se depara com novos desafios. De um lado, a própria necessidade de se reestruturar administrativamente com, por exemplo, a aprovação de seu novo Estatuto após 26 anos de discussão.
Além disso, é de se destacar que, quando do tsunami no Oceano Indico, a entidade conseguiu arrecadar a quantia de US$705 mil.
Atualmente, a Cruz Vermelha Brasileira amplia o seu campo de atuação, desenvolvendo atividades em favor dos atingidos por catástrofes naturais, tanto no Brasil quanto no exterior.
Diante das atividades meritórias desenvolvidas ao longo desses últimos cem anos, Senador Geraldo Mesquita, pareceu-me mais do que razoável apresentar o projeto que apresentei em 2004, o Projeto de Lei do Senado nº 110, que concede a renda líquida de um concurso anual de prognóstico sobre o resultado de sorteios de números realizados pela Caixa Econômica Federal para a Cruz Vermelha Brasileira.
Esse projeto, para o qual peço a atenção devotada de meus companheiros, visa sanar uma atual injustiça. A Cruz Vermelha Brasileira tem uma participação no prognóstico da Loteca. Porém, esse tipo de jogo, Senador Geraldo Mesquita, já não traz recursos significativos, arrecada pouco. O meu projeto previa alterar a fonte de recursos: da Loteca para a Mega-Sena, onde os recursos são muito maiores. Discutimos isso na ocasião com o Senador Romeu Tuma e com o Senador Eduardo Suplicy, que aperfeiçoou o projeto para que, em vez de ser um prognóstico anual, fossem 0,15 de cada um dos prognósticos nas 52 semanas do ano. E nós temos, Senador Geraldo Mesquita, interesse vivo de que a matéria seja aprovada, prossiga, e a Cruz Vermelha tenha recursos para continuar prestando seu valoroso serviço.
Durante a tramitação desse PLS, como citei, o Senador Eduardo Suplicy apresentou uma emenda para aperfeiçoá-lo. O projeto foi aprovado e hoje está na Câmara dos Deputados com o número 2.978. Conclamo meus companheiros, colegas Deputados, especialmente o Presidente da Comissão de Seguridade Social e da Família, que é o Deputado Jofran Frejat, do PR, Partido da República, para ajudar-nos a promover a aprovação do PL nº 2.978, 2008, que trará mais recursos para a Cruz Vermelha Brasileira.
Sr. Presidente, eram essa as minhas breves palavras.
Chamo a atenção do público brasileiro que nos assiste pela TV Senado para a necessidade e a importância, neste momento da vida nacional em que o Brasil se caracteriza, para nossa tristeza e vergonha, como o país de maior desigualdade ou de maior concentração de poder e renda entre as mais de 270 nações do mundo, de prestigiarmos, de estarmos atentos a essas entidades que prestam um valoroso serviço à Nação ao promoverem a solidariedade dentro do mais profundo espírito cristão.
Agora mesmo, estamos assistindo a uma crise mundial no sistema financeiro. Essa crise nasce em decorrência da falta de uma política de habitação nos Estados Unidos.
Havia um grande interesse, uma grande demanda por casas entre os pobres, aqueles que, mais tarde, foram chamados de ninjas, subprime – ninja, Senador Mão Santa, porque em inglês dizem no income, não têm salário; no job, não têm emprego; no assets, não têm propriedades. Eram, então, os ninjas.
A crise mundial nasce porque as famílias ricas, as empresas e os bancos – o sistema financeiro nos Estados Unidos é imenso – resolveram pactuar com os pobres o sonho da casa própria. Não havia, porém, nenhuma intenção de ajudar os pobres, havia um contrato com juros pós-fixados. Eram muito baratos os juros no princípio, depois subiram, subiram muito, e, quando subiram, sete milhões de mutuários, pobres, armadilhados, passaram a inadimplentes.
Senador Geraldo Mesquita, havia um consenso entre os economistas americanos e os assessores do mercado financeiro segundo o qual, mesmo que os pobres perdessem suas casas, mesmo que eles fizessem um péssimo negócio, os credores poderiam executar as hipotecas e ficar com os imóveis, e o sistema imobiliário americano não teria problemas para absorver aqueles imóveis – acreditavam que poderia haver, numa região ou noutra, uma variação de preço negativa, mas as casas sempre teriam valor e sempre se valorizariam. E o insucesso dos pobres? Paciência! Isso é o mundo capitalista, é assim que as coisas acontecem.
Mas não foi isso que aconteceu não. Quando começaram a executar as promissórias, o valor das casas desabou, não havia mercado para comprá-las, os bancos perderam a liquidez, a crise passou a ser uma crise de confiança, os títulos que se espalharam pelo mundo inteiro geraram uma quebradeira tremenda. Havia alguma maneira de evitar a queda de preços no mercado imobiliário americano, de as casas não perderem valor, de os títulos, os empréstimos, as hipotecas não se tornarem títulos podres? Havia, havia uma maneira, desde que os credores compactuassem que não iriam executar as casas. Mas não houve esse acordo, porque a ambição do homem, ainda que isso cause prejuízos próprios, é incontrolável.
No Congresso americano se tentou passar uma lei relativa ao assunto, mas seria impossível tirar o direito dos credores de executar hipotecas e tomar, de mutuários inadimplentes, suas casas. No entanto, era possível desestimular, para o bem próprio dos credores e do mercado financeiro, a execução. Mas isso não passou não! Continuaram executando, o preço de mercado das casas caiu muito, e a crise atingiu o mundo inteiro.
O que eu quero dizer aqui, o contraponto que eu quero fazer é exatamente entre um trabalho de mais de cem anos (faz cem anos no Brasil, mas mais de cem anos no mundo) que prega exatamente o contrário: a solidariedade entre os homens, a fraternidade e a solução de todos os problemas, inclusive esses econômicos, através do acordo, do meio pacífico, do amor cristão, que é o que falta aos homens.
Senador Mão Santa, V. Exª é um cientista, é um médico. Hoje, na capa da Veja, aplaude-se Darwin e diz-se que aqueles que acreditam na Bíblia estão na Era das Trevas. Imagine! A teoria de Darwin é apenas uma teoria. Mais de setecentos cientistas que discordam dessa teoria do evolucionismo, mais de setecentos cientistas… Eu digo aqui aos ouvintes da Rádio Senado e telespectadores da TV Senado, a matéria da revista Veja é tão arrogante. Mas aqueles que forem à internet no site www.dissentfromdarwin.com verão lá mais de setecentos cientistas renomados do mundo inteiro, alguns até Premio Nobel da Paz, que não concordam. Não concordam por quê? Porque a teoria dele traz a vida surgida de uma ameba. E quem deu vida a essa ameba? E onde estão todos os fósseis que podem provar que uma espécie dá origem a outra? Onde está um fóssil sequer de um anfíbio, de um peixe com réptil, metade réptil metade peixe? Não existe. Ou algum ser que seja metade macaco e metade homem, ou metade animal metade ave. Onde está um? Desde há 150 anos que essa teoria percorre a intelectualidade, as universidades. Onde está um fóssil sequer? Encontramos fósseis de todas as eras e de todas as formas, mas não um que prove que de uma espécie se cria outra.
Portanto, é uma teoria. E aqueles que a defendem precisam ter uma fé religiosa, precisam acreditar em milagres, como eu acredito.
Senador Mão Santa, eu acredito em Deus, eu acredito que foi Deus quem criou o Universo e, desde que Ele o criou, nada surgiu do nada; tudo é transformado. Aliás, é a primeira lei – passo a falar até como engenheiro civil –, a primeira lei da termodinâmica é esta: energia não se cria, não se destrói. Lei provada, não é teoria. É como as leis de Newton, da mecânica…
O Sr. Mão Santa (PMDB – PI) – Lavoisier.
O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB – RJ) – Lavoisier também. Nada se cria.
O que quero ressaltar aqui é esse trabalho da Cruz Vermelha e esses heróicos companheiros que, com dificuldades financeiras e com prejuízo do seu lazer, das suas horas próprias, constroem sobre as cinzas das tragédias e das armadilhas do destino a esperança daqueles que contam com a Cruz Vermelha.
Muito obrigado.