O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB – RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, senhores telespectadores da TV Senado, senhores ouvintes da Rádio Senado, quero cumprimentar também o nosso Senador – sempre Senador, hoje Deputado Federal – Hugo Napoleão, nosso piauiense ilustre. Quero também cumprimentar o Governador do Estado do Piauí, Exmº Sr. Wilson Nunes Martins; o Landim, querido Landim; o Sr. Assis Carvalho, Deputado Federal; o Sr. Nazareno Fonteles; o Sr. Jesus Rodrigues; o Sr. Isnar Aguiar Marques, que é Deputado Estadual; o Vereador do Município de Teresina, capital do Piauí, Exmº Sr. Décio Solano, que hoje nos visita e abrilhanta esta Casa com a sua presença. Cumprimento também a Subsecretária de Cultura do Governo do Distrito Federal, Srª Maria de Fátima Santos de Deus; o Presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí, Sr. Acácio Salvador Veras e Silva. Quero cumprimentar o autor dos livros 1808 e 1822 – eu tenho os dois –, Sr. Laurentino Gomes; e o autor do livro A Coluna Prestes no Piauí, Sr. Chico Castro. 
Minhas senhoras e meus senhores, eu não podia deixar de vir aqui prestar esta homenagem, mas, como disse o Senador Mozarildo, eu não vou ler o discurso, porque dois professores ilustres já nos deram uma aula: o professor Laurentino, a sistematizada; o Wellington, com seu gênio político, com seu verbo potente e com a sobranceria desta alma piauiense, falou-nos das emoções. Mas eu gostaria de fazer uma reflexão rápida com vocês. 
As nacionalidades dependem muito da sua configuração física, dos acidentes misteriosos e imprevisíveis da sua formação… Nosso Líder do PT, Senador Humberto, de Pernambuco! Mas eu dizia que as nacionalidades dependem muito dos acidentes imprevisíveis e misteriosos da sua formação histórica, dos símbolos telúricos que vincam a sua índole e a sua vocação. Mas não há notícia na história de que alguma delas tenha se transformado em uma nação culta, poderosa, rica e influente sem a presença dos seus heróis, dos seus líderes, dos seus condutores carismáticos, proféticos, líderes sábios e generosos. São eles que, com suas mãos fortes, nas virtudes e defeitos de seus povos, são capazes de argamassá-los, dinâmicos, viris, com o olhar fito no futuro, para rasgar nos horizontes a perspectiva iluminada e gloriosa de seu destino. 
Deles, mercê de Deus, está referta a nossa história. Desde aquelas páginas encantadoras, escritas, com heroísmo e patriotismo, pelos missionários, passando pela epopeia das bandeiras, onde os Garcias, os Raposos, os Fernão Dias, os Bartolomeus Buenos, a golpes de tenacidade e bravura, romperam as matas atlânticas, subiram e desceram tantas serras, tantos morros, fugiram das onças e das cobras, venceram o sertão, o lobo-guará, entraram pelo Planalto Central, atravessaram o Pantanal e nos deram uma das maiores geografias do mundo, até chegar aos sonhos de liberdade de Tiradentes e Frei Caneca, que o príncipe, resoluto e audaz, concretizou, dando-nos a legenda bela e estupenda da nossa Independência. 
Tiradentes, mineiro, o herói enlouquecido de esperança e liberdade, foi enforcado, corpo esquartejado, carne e sangue marcados pelo sal da maldição, para que no futuro construíssem, sob o seu sacrifício, a pátria dos seus ideais. 
A independência de um país é muito mais que um grito, muito mais que um gesto. Ela é um sacrifício, e todo sacrifício requer sangue. E onde esse sangue foi derramado? Não foi às margens do rio Ipiranga, tão demonstrado e cantado em tantos quadros, em tantos versos, em tantos livros. Ali não pingou uma gota do sangue brasileiro. Esse sangue pingou às margens de outro rio: o rio Jenipapo. E, quando os brasileiros juntam seus sonhos para construir a pátria dos seus ideais, todos nós devemos ter uma palavra de gratidão para com o povo do Piauí. Foi ali que nós conquistamos, de verdade, e mostramos a Portugal que éramos valentes e que estávamos dispostos a tudo para conquistar o nosso País e a nossa nacionalidade. 
De tal maneira que não quero ser fastidioso, mas quero prestar a minha homenagem, como Senador do Rio de Janeiro, e dizer ao Senador Wellington que não só eu, mas também o meu partido, o PRB – que é modesto, sou apenas um Senador aqui, mas temos doze Deputados Federais –, estamos ao seu lado para não deixar, na consciência nacional, morrer o gesto daqueles brasileiros humildes, simples, mas que ungiram a nossa história com um ato de tamanha bravura. 
Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.)