O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB – RJ. Como Líder. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente Mão Santa, Srªs e Srs. Senadores, senhores telespectadores da TV Senado, senhores ouvintes da Rádio Senado, Senador Nery, Senador Mercadante, Senador Colombo, Senador Suplicy, enfim, todos que estão aqui hoje presentes, nós, neste dia, temos muito a comemorar.
Várias vezes, Sr. Presidente, estive aqui nesta tribuna reclamando, com justas razões, por que, a esta fase do nosso desenvolvimento econômico, Suplicy, num país que tem madeira, cimento, pólo petroquímico, que nos fornece tintas, vernizes, plásticos, borrachas, por que, numa terra de tamanha jazida de minério de ferro, temos aço, alumínio, mão-de-obra abundante, esperando ser treinada e empregada como um vigia aguarda pela aurora, por que o nosso povo ainda mora em favelas, em barracos?!
O Presidente Lula, sensível a essa causa, hoje lançou um programa redentor de R$34 bilhões! O Brasil inteiro devia estar festejando, porque nunca tivemos um programa habitacional de tamanha monta. Isso será o resgate de milhares, eu diria, centenas de milhares. Vou mais além: se essas casas tiverem em torno de 30m² ou um pouco mais, mais de um milhão de famílias, certamente…Trinta e cinco metros quadrados, então, vamos falar em um milhão de famílias vivendo em casas de 35m², o que é para nós uma notícia auspiciosa.
Há poucos dias, nós estávamos na reunião de Líderes com o Presidente da República e, naquela ocasião, discutíamos todos. Estava também o Senador Casagrande, estava o Senador Inácio Arruda e estava o Deputado, filho do Presidente desta Casa, o Zequinha Sarney. E o Presidente, então, falou que estava estudando essa medida. E nós dissemos: “Presidente, o senhor precisa implementar a energia solar”. E o Ministro Guido, na ocasião, disse: “Não, Presidente, isso é uma coisa muito cara”. Nós rebatemos: “Ministro Guido, não! Não é caro, não”.
Nós já temos sistemas desenvolvidos pela Universidade de São Paulo, pela Sociedade do Sol em que um sistema modular pode ser feito pelo próprio usuário, cujo manual está na Internet e cujos direitos autorais foram cedidos pelos cientistas que desenvolveram esse método, gratuitamente, por R$400. Então, uma família pode colocar um dispositivo de energia solar para que aquecer sua água.
É claro que nós vamos ter também a indústria de chuveiro elétrico. E é importante lembrarmos que essa indústria é importante para o Brasil. É importante, porque o chuveiro elétrico aquece a água da casa de um pobre e é uma ducha que custa R$30, R$40, R$50. É verdade também que os brasileiros chegam a casa – todos mais ou menos na mesma hora – e acabam criando um pico de energia, por volta das sete, oito horas da noite. Na época de estiagem, isso pode acionar nossas termoelétricas, trazendo despesas e poluição ao meio ambiente.
Agora, o chuveiro elétrico tem também uma grande vantagem: economizar água. As pessoas, quando tomam banho de chuveiro elétrico, sabem que a água vem numa vazão menor, porque o contato dela com a parte elétrica que a aquece exige que essa água corra num volume menor.
Então, qual é o sistema ideal? É aquele que combina o chuveiro elétrico… Nós não vamos desempregar ninguém na indústria de chuveiro elétrico, não vamos desempregar ninguém no comércio, em toda a cadeia produtiva do chuveiro elétrico, porque ele economiza água; mas vamos colocar o aquecedor solar exatamente com o dispositivo de dimmer para medir a temperatura da água, que, estando aquecida, Senador Mão Santa, não vai acionar o chuveiro elétrico e ele não funcionará. A água aquecida pela energia solar passa pelo chuveiro sem, eu diria, fazê-lo funcionar, e assim nós temos economia não só de energia, mas também de água tratada.
Olha, Sr. Senador Mão Santa, peço a V. Exª só dois minutos, na generosidade franciscana de V. Exª, que está cotado para ser um dos candidatos à Presidência da República pelo clamor público. Aonde a gente vai…
O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB – PI) – Assim eu vou até aumentar: de dois minutos para vinte minutos.
O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB – RJ) – Aonde a gente vai… Não, Sr. Presidente, estou sendo sincero. Não estou falando isso aqui com segundas intenções. Na minha casa mesmo, a minha mãe…
O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB – PI) – Se eu fosse padre, eu queria ser Papa; se eu entrasse no Exército, eu queria ser General. Eu quero ser Presidente da República. Estou preparado para isso. Posso até não ser, mas, que estou mais preparado que o nosso Presidente Luiz Inácio, estou!
O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB – RJ) – Aí, não concordo, Sr. Presidente, mas quero dizer que, lá, na minha casa, V. Exª…
O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB – PI) – Já tirou os meus votos!
O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB – RJ) – Lá, na minha casa, V. Exª tem o carinho devotado da minha mãe – já lhe falei isso várias vezes –, que lhe assiste, que o admira e que lhe tem apreço…
O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB – PI) – Mas não é questão de carinho, é questão de voto. Eu tenho o da sua mãe?
O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB – RJ) – Com certeza.
Sr. Presidente, Srs. Senadores, para concluir, eu não quero me estender mais, hoje é um dia em que nós, brasileiros, temos razões para nos alegrarmos. Aos brasileiros que moram nas comunidades carentes, aqueles brasileiros que vivem num submundo, numa subvida de privações e opróbrios, aqueles mais de um milhão de conterrâneos meus da cidade do Rio de Janeiro, que, desde a Guerra do Paraguai, do retorno dos soldados, dos voluntários da Pátria, estão ocupando aquelas comunidades carentes em casas improvisadas e, muitas vezes, varridas pelas águas das chuvas, quero dizer que hoje o Presidente da República tomou uma decisão importantíssima. Queira Deus que esses recursos também cheguem ao meu Estado – hão de chegar! –, à Baixada Fluminense, à região serrana, e que os prefeitos, todos eles, possam desenvolver grandes projetos. Que possamos ver, pelo solo do Estado do Rio de Janeiro e por todo o Brasil, as casas desse enorme programa de habitação, que nunca tivemos nesta Pátria. Vamos agora fazer jus a esta Nação, que é uma nação que tem todas as matérias-primas para a construção civil. E certamente, Sr. Presidente, há de redimir, na nossa geração, o nosso povo da vida em barracos.
Parabéns, Senhor Presidente Luiz Inácio Lula da Silva! Que Deus ilumine seus caminhos! Que nós possamos tirar do papel e que, desses R$35 bilhões, não nos faltem nem um centavo. Que todas as empresas que participarem desse programa, que os órgãos financiadores, que a Caixa Econômica que o fiscalizará com o rigor que a lei nos impõe para que não haja nem corrupção, nem desvios, num programa tão bonito , que todos os envolvidos possam ensejar o dia, a ensolarada manhã em que o nosso povo vai abrir a porta de uma casa digna e vai habitar com sua família em condições melhores.
Muito obrigado, Sr. Presidente.