Na manhã desta quinta-feira, dia 10 de maio, o ministro da Pesca e Aquicultura, Marcelo Crivella, fez sua primeira participação no programa Bom Dia, Ministro. Para ele, o Brasil tem todas as condições para se tornar um dos maiores produtores mundiais de pescado, pelos seus imensos recursos hídricos interiores e costeiros. “Os técnicos do BNDES chegam a dizer que a indústria da pesca no Brasil tem potencial de ser um pré-sal e até com mais longevidade, porque tanto o gás como o óleo, um dia, vai acabar”.
O ministro, a pouco mais de dois meses à frente da pasta, realizou um balanço das iniciativas em andamento e anunciou para breve a implantação de um programa de assistência social voltado aos trabalhadores da pesca, que inclui atendimento médico e odontológico. A idéia é atender a demandas de colônias e associações de pescadores, de forma itinerante, com a ajuda de ônibus equipados para a missão. Inicialmente, conforme o plano ainda em estruturação, cada unidade da federação contaria com um destes veículos.
O programa Bom Dia Ministro, semanal, é coordenado pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, em parceria com a EBC Serviços, e atinge todo o território nacional, em cadeia de rádio e televisão.
Sanidade e Consumo de pescado
A entrevista do ministro Crivella abordou outros temas importantes para a pesca e aquicultura, a partir de perguntas de jornalistas de rádio de vários estados. Entre eles, a rede de sanidade pesqueira formalizada ainda esta semana pelo ministério. Crivella informou que o MPA vai investir nos próximos anos R$ 55 milhões para a consolidação da Rede Nacional de Laboratórios do Ministério da Pesca e Aquicultura (RENAQUA) e do Programa Nacional de Controle Higiênico-Sanitário de Moluscos Bivalves (PNCMB). Deste total, aproximadamente 20% já foram aplicados. As iniciativas tornam mais seguro para a população o consumo de pescado, inclusive frutos do mar como ostras e mexilhões.
Crivella defendeu a presença de mais pescado na alimentação escolar e em programas sociais do governo. Para tanto, disse que o MPA promove uma pesquisa sobre consumo de pescado nas escolas públicas, para detectar os problemas existentes e depois desenvolver ações públicas para que as crianças possam adquirir desde cedo hábitos saudáveis. “Nós acabamos tendo crianças se alimentando o tempo todo de salgadinho, bala e sorvete que são coisas próprias da infância, mas que não podem ocupar o espaço do peixe, do legume e da verdura”, lembrou.
O ministério está mantendo entendimentos para ações conjuntas, visando o maior consumo de pescado no País, com os ministérios da Educação e do Desenvolvimento Social. Atualmente o brasileiro, de acordo com o ministro, consome em média 10 quilos por habitante/ano, menos que o recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). “O Brasil precisa aumentar a sua produção de pescado, mas também, paralelamente, precisa aumentar o hábito de consumo de peixe”, resumiu.
Mais crédito
Os profissionais da pesca e aquicultura devem ter novas formas de acesso ao crédito, defendeu na entrevista Marcelo Crivella. Segundo Crivella, ele e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, vão se reunir em breve para discutir o assunto. Também adiantou que o ministério prepara edital para tornar efetiva a operação dos 21 terminais pesqueiros públicos em implantação no País, resolvendo gargalos encontrados em alguns estados.
Ele defendeu também uma política de compensação aos pescadores no caso da construção de hidrelétricas, como obras de apoio à atividade aquícola, e ainda a utilização de lanchas rápidas para coibir a ação da pesca predatória no País. Informou que já formou uma comissão com os ministérios do Exército, Marinha e Meio Ambiente/IBAMA, para acabar definitivamente com a prática ilegal de dinamite nas pescarias, que “fará parte de um passado triste na história da pesca do nosso país”.
Potencial pesqueiro
Ainda no programa Bom Dia Ministro, Marcelo Crivella afirmou que o Brasil tem grande biodiversidade pesqueira, mas cardumes menores do que os encontrados na orla do Pacífico da América do Sul ou na borda atlântica da África. Entretanto, salientou que, com a aquicultura, o País tem tudo para se tornar um dos maiores produtores de pescado do mundo. “Nós poderemos ser campeões na pesca como somos hoje na carne de boi, na soja.”.
Para tanto, ele defendeu a ação do governo para que o País atinja este novo estágio na pesca e aquicultura, e lembrou o caso da China, onde o poder público estimula o crescimento e a competitividade econômica.
As condições naturais do Brasil são positivas para a aquicultura, avaliou. O País tem disponível uma lâmina d’água de 10 milhões de hectares, considerando a participação dos reservatórios de hidrelétricas e de mananciais particulares. Além disso, “o nosso mar também pode ter fazendas marinhas”, como as existentes na própria China, cuja costa também não tem muito peixe, mas onde o cultivo de peixes é desenvolvido “há mais de mil anos”.